O excêntrico modelo de governança criado pelo atual prefeito, que se assemelha a uma espécie de Parlamentarismo Municipal caracterizado por inédita concentração de poderes no Chefe da Casa Civil, o Primeiro Ministro Municipal, e que garantiu algum funcionamento da prefeitura em 2018, realmente ruiu em 2019.
Uma relação entre Legislativo e Executivo caracterizado por intensa patronagem exige uma dedicação extremada do Chefe do Executivo, ou, de um fiel broker agindo como intermediário.
Sem o seu broker, o Chefe do Executivo deverá trazer para si a responsabilidade de construir uma relação entre Legislativo e Executivo vantajosa para ambas as partes.
Ex-homem forte da prefeitura do Rio, Paulo Messina rompe com Crivella
Vereador orienta servidores que indicou para ocupar cargos estratégicos no município a colocar cargos à disposição
Paulo Messina: ex-homem forte de Crivella rompe com o governo Foto: Reprodução |
RIO - Em vídeo divulgado na manhã desta sexta-feira, o ex-chefe da Casa Civil e vereador Paulo Messina (PRTB) anunciou que rompeu com o prefeito Marcelo Crivella. O prefeito já foi informado da decisão na manhã desta sexta-feira, em uma carta entregue a Crivella no Palácio da Cidade pelo secretário da Casa Civil, Felipe Ramalho. Messina também orientou todos os servidores que indicou para ocupar cargos estratégicos no município a colocar seus cargos à disposição.
Entre os indicados, estão o chefe do Centro de Operações Rio, Alexandre Caderman; o presidente da Comlurb, Tarquínio Prisco Fernandes de Almeida; além do próprio Felipe Ramalho, que assumiu o cargo em abril, após Messina retornar à Câmara como parte da estratégia para barrar o impeachment.
“Já é claro para mim que esses alertas não têm surtido efeito, e a prefeitura continua numa trajetória que acabará por desequilibrar as contas e trazer uma nova crise financeira”VEREADOR PAULO MESSINAEx-chefe da Casa Civil
Messina justificou a decisão afirmando que a prefeitura tem tomado iniciativas que aumentam gastos e que são uma ameaça para o equilíbrio fiscal.
— Infelizmente, depois da minha saída da Casa Civil, muitas medidas foram tomadas com as quais eu não concordo, como já me manifestei publicamente e ao prefeito sobre o risco real de essas iniciativas trazerem desequilíbrio fiscal. Já é claro para mim que esses alertas não têm surtido efeito, e a prefeitura continua numa trajetória que acabará por desequilibrar as contas e trazer uma nova crise financeira. Diante dessa tendência, cujas diretrizes eu não reconheço mais e concluída a tarefa de retornar à Câmara por causa do impeachment, minha escolha é encerrar minha missão no governo Marcelo Crivella.
Messina afirma que ficará na Câmara contribuindo para a gestão da cidade, "com liberdade para apontar o que considero que está sendo feito certo e o que está sendo feito errado".
— O tom é esse, de proposição, não de oposição — disse Messina, que na passagem pelo governo chegou a ser chamado de primeiro-ministro pelos poderes acumulados.
Messina disse ainda que a passagem que teve pela Casa Civil em 2018 serviu de aprendizado e uma grande oportunidade para mostrar seu trabalho e da equipe na administração pública. Ele fez um balanço de sua atuação. Disse que na base do governo (como vereador ou secretário) foram aprovados 42 projetos de interesse do governo na Câmara. Isso incluiu autorização empréstimos que engordaram o caixa em R$ 1 bilhão além dos aumentos do IPTU e ITBI que vão representar quase R$ 2 bilhões de receitas adicionais a prefeitura até 2020.
— O que fizemos essencialmente foi valorizar servidores de carreira em postos chave da prefeitura reativando estruturas importantes trazendo elas de volta para sua missão original. Desde a Codesp (órgão que autoriza despesas públicas), por exemplo ao Centro de Operações Rio. Buscamos maximizar a captação de recursos da fontes vinculadas de cada pasta e desoneração da fonte 100 (recursos de impostos). As medidas economizaram mais de R$ 500 milhões sem mexer na qualidade dos serviços.
Messina assumiu a Casa Civil em fevereiro de 2018 . Na passagem pelo governo colecionou alguns desafetos. Ameaçou sair ainda no ano passado após brigar com o então secretário de Educação, Cesar Benjamin, que acabou deixando o cargo. Apesar do vereador afirmar que não houve redução de serviços em sua passagem pela Casa Civil, centenas de equipes de saúde da família foram cortadas por falta de recursos para mantê-las. A assessoria de Messina, por sua vez, argumenta que as equipes eram maiores que as necessidades.
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