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domingo, 9 de junho de 2019

Um ‘mar’ de gigogas toma as areias da Praia da Barra

A presença de gigogas na praia é resultado de uma cadeia de problemas que não são atribuição da Comlurb. No entanto, como a limpeza de praias é uma atividade da Comlurb é necessário mobilizar recursos para a remoção das gigogas que chegam nas areias. 

Será que o aumento da demanda de limpeza de praia devido à falta de ação nas ecobarreiras não deveria ser motivo de alguma sanção? Quando há vazamento de óleo a primeira coisa que se pensa é em multar o agente causador do dano, até mesmo antes de iniciar a limpeza. Não deveria ser assim para o caso de "vazamento de gigogas"?




Em cinco dias, Comlurb recolheu 118 toneladas da planta; proliferação aconteceu nas lagoas da região


Orla 'lotada': as gigogas, que se proliferam rapidamente quando há esgoto. Apesar do cenário, Inea diz que banho de mar está liberado em quase toda a praia Foto: Roberto Moreyra / Agência O GLOBO
Orla 'lotada': as gigogas, que se proliferam rapidamente quando há esgoto. Apesar do cenário, Inea diz que banho de mar está liberado em quase toda a praia Foto: Roberto Moreyra / Agência O GLOBO

RIO — Na semana em que o mundo celebrou o Dia do Meio Ambiente (na quarta-feira), uma grande proliferação de gigogas no complexo lagunar de Jacarepaguá deixou o Rio sem clima para comemorações. Desde segunda-feira, a Comlurb recolheu 118 toneladas da planta na Praia da Barra.

As gigogas, que se proliferam rapidamente quando há despejo de esgoto, alcançaram a praia por conta das chuvas e dos ventos dos últimos dias. Quem mora na região diz que o volume de plantas aumentou drasticamente ao longo de duas semanas. A única ecobarreira das lagoas da Tijuca, de Jacarepaguá e de Marapendi não foi suficiente, e, apesar do esforço de garis, ontem elas continuavam avançando por canais e tomando a areia.

— Na maré baixa, se não houver uma barreira eficiente para segurar essas plantas nas lagoas, elas chegam à orla da Barra. E, dependendo da quantidade, podem atingir também as praias da Zona Sul. Infelizmente, não podemos dizer que se trata de uma situação nova para a cidade — disse o biólogo Mario Moscatelli, especialista nos ecossistemas da região. — Desta vez, o que mais me impressionou foi a enorme quantidade de lixo misturado às gigogas. É um perigo para os banhistas porque há de tudo, até agulhas, seringas e cacos de vidro.

Moscatelli, que acompanhou o trabalho dos garis, alertou que a situação não mudará sem uma política pública eficiente, que universalize a coleta de esgoto na região. Outra questão crítica, segundo o biólogo, é a falta de manutenção das barreiras ecológicas instaladas nas lagoas:

— A que existe na Lagoa da Tijuca está nas últimas, foi um quebra-galho que veio da Baía de Guanabara para substituir a que afundou na época da Olimpíada de 2016. Até hoje as autoridades não colocaram outra.

A despoluição do complexo lagunar de Jacarepaguá fazia parte do caderno de encargos dos Jogos. No entanto, o projeto, que foi orçado em R$ 673 milhões e tinha como um de seus objetivos a dragagem de 5,7 milhões de metros cúbicos de dejetos (quantidade suficiente para encher sete Maracanãs), acabou sendo abandonado.

Em nota, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) afirmou ontem que a Praia da Barra está liberada para banho, menos nos trechos em frente ao Quebra-Mar, à Rua Sargento João de Faria e ao 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros. Além disso, o órgão informou que realizou uma vistoria recentemente no complexo lagunar de Jacarepaguá e que a ecobarreira instalada na altura do Itanhangá “está em operação”. “Serviços de melhorias para o equipamento e de implantação de novas ecobarreiras se encontram estão em fase de licitação”, destacou o Inea.

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