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quarta-feira, 30 de junho de 2010

CONTAINER NA VARRIÇÃO - Idéia Questionável





O "Lutocar" (Little + car) é um carrinho das dimensões adequadas para um saco plástico, com dispositivos de transporte de ferramentas, rodas de fácil rolamento e alças que possibilitam sua movimentação de forma ergométrica.

É um equipamento simples, bem bolado, muito utilizado (exemplos de Paris e Buenos Aires), ideal para coleta dos resíduos de varredura.

No "tupiniquins", com a desculpa de que era necessério economizar saco plástico, alguém resolveu abolir o "lutocar" (veja exemplo) e substituí-lo por um container plástico de 240 litros.




O container plástico de 240 litros, projetado originalmente para acondicionar lixo domiciliar e ser movimentado somente entre a moradia e o caminhão, não tem dispositivos para transporte de ferramentas, não tem rodas de fácil rolamento, não tem alças ergométricas que facilitam a movimentação e, coisa de cretino, não economiza saco plástico pois o varredor continua usando a mesma quantidade de sacos que usaria em um "lutocar" para acondicionar o lixo de sua varredura. Além do complicador de não ter as dimensões para receber um saco plástico sendo necessário usar "preguinhos" para prender o saco no lugar!

O Dilema da Limpeza

 Tendo como base o Dilema dos Prisioneiros, onde a racionalidade individual entra em choque com a racionalidade coletiva, podemos apresentar o Dilema da Limpeza.


Tanto para a COMLURB quanto para a população temos duas estratégias possíveis: não cooperar para o bem público, neste caso, não limpar, ou cooperar e limpar. A combinação destas estratégias fornecem quatro situações possíveis.

A primeira combina a estratégia de não cooperação tanto da COMLURB quanto da população. Temos a completa ausência de Limpeza Urbana que pode ser visualizada após alguns dias de greve dos empregados.

Combinar a estratégia de não cooperação da COMLURB com a cooperação da população se justifica em áreas urbanas consideradas particulares. Quando acontece em local público, a população toma a iniciativa da ação coletiva por ausência do poder público. Há uma inversão de valores como quando se contrata uma firma de segurança para patrulhar o quarteirão.

Mais coerente com a realidade temos a terceira combinação de estratégias. A cooperação da COMLURB e a não cooperação da população. A Limpeza Urbana é obtida mas, como a disposição do lixo é desordenada e não padronizada, não há como otimizar o uso dos meios (caminhões e mão de obra) resultando em um serviço caro e com baixa qualidade.

A meta, portanto é a quarta opção conciliando a cooperação da COMLURB com a da população. Definindo procedimentos, padrões e normas que envolvam população e COMLURB pode-se obter a Limpeza Urbana de forma eficaz e com alta qualidade.

A COMLURB, por missão e profissionalismo, utiliza a estratégia da cooperação descartando as duas primeiras combinações. O Dilema da Limpeza fica reduzido, portanto, a decisão da população em cooperar ou não com a Limpeza Urbana.


Surge a figura do carona (free rider), o cidadão que não coopera por saber que a COMLURB fornecerá Limpeza Urbana com ou sem sua cooperação. O Paradoxo do Vizinho agrava a situação pois pensamos que sempre ele, o vizinho, é que deve cooperar, uma vez que ele é sempre o responsável.

"Na obtenção de um bem coletivo, o indivíduo racional prefere a força da união ao seu esforço isolado, mas prefere ainda mais a primeira hipótese sem a sua participação, pois com isso pode obter benefício sem custos". ( Orestein, 1993, p.63)

O Paradoxo do Vizinho

Porque limpar se ninguém suja?

“O paradoxo do brasileiro é o seguinte. Cada um de nós isoladamente tem o sentimento e a crença sincera de estar muito acima de tudo isso que aí está. Ninguém aceita, ninguém agüenta mais; nenhum de nós pactua com o mar de lama, o deboche e a vergonha da nossa vida pública e comunitária. O problema é que, ao mesmo tempo, o resultado de todos nós juntos é precisamente tudo isso que aí está! A auto-imagem de cada uma das partes – a idéia que cada brasileiro gosta de nutrir de si mesmo – não bate com a realidade do todo melancólico e exasperador chamado Brasil”.( Fonseca, 1993, p.12)

O “Paradoxo do Brasileiro” apresentado por Eduardo Giannetti Fonseca em seu livro ”Vícios Privados, Benefícios Públicos? A Ética na Riqueza das Nações” pode ser traduzido para a Limpeza Urbana como o Paradoxo do Vizinho:

Quem joga o lixo na rua é sempre o outro. Este é o Paradoxo do Vizinho. Quando uma pessoa comenta sobre a existência de lixo em algum lugar sempre acusa o vizinho, ou populares. Quanto a ela mesma, sempre exemplo de boa educação, afirma que nunca jogou lixo na rua e que chega a ter o cuidado de guardar o papel de bala no bolso para jogá-lo na lixeira de casa!

Se todos afirmam que não jogam lixo na rua porque existe lixo na rua? Quem, senão o mal educado do vizinho, jogou o sofá rasgado na esquina? Quem, senão os malditos populares, que jogam latinhas de refrigerante pela janela de automóveis e ônibus?

A soma dos comportamentos individuais supostamente bem educados é de 3000 toneladas diárias de lixo jogadas desordenadamente na rua.

A cooperação obtida por incentivo, ou coerção, deve necessariamente envolver todo cidadão, mesmo os que, agarrados ao Paradoxo do Vizinho, já contribuem para manter a cidade limpa.

Cooperação da População

O lixo é fornecido pela população, a Limpeza Urbana é fornecida pela Cidade. Como a capacidade de produzir lixo é potencialmente maior que a de limpar é necessário haver cooperação da população para que a Cidade consiga cumprir seu papel de forma eficiente.

Quem trabalha com Limpeza Urbana já enfrentou a lógica do “eu posso sujar porque existe o gari para limpar”. Em outras palavras, se a Cidade é a responsável por fornecer o bem público da Limpeza Urbana então, como cidadão, não preciso fornecer também. Esta lógica egoísta pode parecer agressiva, mas é verdadeira. Se não, porque, das 7.800 toneladas de lixo e de resíduos produzidos diariamente em toda a cidade do Rio de Janeiro, 40% são retirados das ruas?
Portanto, para produzir Limpeza Urbana é necessário, além da ação eficaz e eficiente da Cidade, uma forte cooperação da população em produzir o seu lixo de forma ordenada e de acordo com os meios operacionais existentes.
Esta cooperação, por ser um problema de ação coletiva, é obtida por incentivo, e a instalação de papeleiras é um bom exemplo, ou, na pior das hipóteses, por coerção através de autos de infração.

“Em sua formulação olsoniana, temos um problema de ação coletiva quando tal ação é requerida para a produção de algo que pode ser formalmente definido como um bem público”. (Santos, 1989, p.23)

“De acordo com a lógica utilitarista da ação coletiva, os bens públicos não serão providos na ausência de coerção ou de incentivos seletivos, a menos que o grupo seja pequeno”. (Santos, 1989, p.24)

MELHORIA DE ASSIDUIDADE DE TRABALHADORES DE LIMPEZA URBANA


ANÁLISE DE DIMENSIONAMENTO DE FROTA DE CAMINHÕES

TRABALHO FINAL DE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - 2008

The paper aims demonstrating how the concepts of the Coefficients of Flow Variation K1, K2 and K3 used in sewage systems design may be adapted to define the Coefficients of Variation of Solid Waste Generation which will be used to consider the weekly and yearly periodicity variation in the estimation of the future generation of solid waste and evaluate the loading capability of the trucks fleet destined to the transport such waste.

O trabalho tem como objetivo demonstrar como os conceitos de Coeficientes de Variação de Vazão K1, K2 e K3 utilizados em projeto de sistemas de esgoto podem ser adaptados para definir Coeficientes de Variação de Geração de Resíduos Sólidos que serão utilizados para considerar a sazonalidade semanal e anual na estimativa da geração futura de resíduos sólidos e avaliar a capacidade de carga da frota de caminhões destinada ao transporte destes resíduos.

MÉTODO DE ANALISE E DIMENSIONAMENTO DE FROTA



CONECTIVIDADE GERENCIAL

GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

EAD – ENSUR / UNICOM

CONECTIVIDADE GERENCIAL

Rede de relacionamentos de uma gerência de serviços

Janeiro 2005

Este trabalho apresenta de forma introdutória a operacionalização da dinâmica da conectividade em uma organização em rede em contraste com uma estrutura hierárquica comumente encontrada.

Levaremos o leitor a perceber a importância de manter e diversificar uma rede de contatos e seu reflexo na busca de melhoria de resultados operacionais indo além de habilidades e recursos próprios.

O que pensar de um administrador público que não obtém resultados simplesmente porque não lhe foi disponibilizado todos os recursos e habilidades necessários para a condução de um serviço ou projeto?

Indivíduos trabalhando juntos com o mesmo objetivo realizam coisas além da soma dos esforços de cada um, é o que faz o trabalho em equipe ir além do limite esperado. Trabalhar em parceria trás para a Administração Pública a capacidade de fazer mais com menos sendo, portanto, um caminho para vencer o desafio constante de ter menos trabalhadores, equipamentos, suprimentos para atender as crescentes demandas.

Nas páginas a seguir teremos dois momentos distintos: Primeiro uma passagem no conceito de dinâmica da conectividade e organizações em redes para depois transferir o que foi abordado para uma visão próxima a um Gerente de Serviços de uma empresa de limpeza urbana.


CONECTIVIDADE GERENCIAL

CONECTIVIDADE GERENCIAL - A rede de relacionamentos de uma gerência de serviços

terça-feira, 29 de junho de 2010

CIDADANIA, ESTADO E LIMPEZA URBANA

Junho 2001

Cidadão é o “indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”. O modo como o indivíduo percebe seus direitos e deveres dependerá diretamente do princípio de legitimação do Estado. Definindo cidadania como o modo com que o indivíduo percebe sua relação com o Estado podemos descrever uma forma de cidadania para cada diferente princípio de legitimação do Estado.

Hoje em dia o cidadão tem direito a um logradouro livre de resíduos, organizado, agradável aos sentidos, por outro lado, tem o dever de não sujar este mesmo logradouro. Esta via de mão dupla, pela ótica da Limpeza Urbana, é uma dimensão da cidadania. Como seria encarada a Limpeza Urbana, pelo Estado e pelo indivíduo, em um mundo de Hobbes ou Locke? Usando como cenário a Limpeza Urbana discutiremos ao longo do texto, para alguns clássicos da Teoria Política Moderna, a relação entre cidadania – como o indivíduo percebe o Estado - e a produção de um bem público.

CIDADANIA, ESTADO E LIMPEZA URBANA

Cidadania Estado e Limpeza Urbana by Gustavo Puppi on Scribd

VIATURA SATÉLITE EM GENOVA


LIXO INVISÍVEL








Nos "tupiniquins" tudo deve aparentar que não existe geração de lixo, da mesma forma, os procedimentos de manejo dever ser totalmente imperceptíveis. Tudo relativo ao lixo deve ser invisível como se o resíduo fosse automaticamente desintegrado no momento que é gerado.
Veja como somos educados... Nossa sociedade é limpa porque não vemos o lixo!

Gerar lixo é inerente à sociedade. Os procedimentos para o acondicionamento, transporte e destino final são, portanto inerentes à sociedade que gera o resíduo. Tranqüila é a sociedade que reconhece isso e não se sente agredida com a imagem do lixo.

Como nas fotos anexadas de pontos de lixo na Itália em uma área residências. O lixo é gerado e colocado em containers que ficam nos logradouros. Não estão escondidos! Não são recolhidos para fora do logradouro! Em algum momento um caminhão vai esvaziá-los e transportar os resíduos para o destino final...

PONTOS DE ENTREGA VOLUNTÁRIA




Exemplos de Pontos de Entrega Voluntária em França

CIDADES SATÉLITES DO DISTRITO FEDERAL



Visitando algumas cidades satélites do Distrito Federal percebi algumas coisas consideravelmente diferentes do que estou acostumado no Rio de Janeiro.

Por ser uma “cidade” planejada, na verdade uma Região Administrativa do Distrito Federal, fica evidente a configuração de grandes avenidas paralelas onde o comércio deve se estabelecer, logradouros bem pavimentados que ligam transversalmente estas avenidas servindo de acesso logradouros menores, mas igualmente bem pavimentados, onde fica a área residencial. Como se o miolo entre as avenidas morassem as pessoas e nas avenidas existisse o comércio formal, isso porque onde deveria existir somente residências acaba surgindo pequenos comércios informais.
Os logradouros são bem pavimentados, com boa sarjeta e drenagem, mas é evidente que a ocupação é esparsa deixando muita área verde entre as avenidas e ruas. São logradouros para o futuro que aparentemente está longe de chegar.

Para varrer os quilômetros e mais quilômetros de sarjeta o trabalho é realizado sempre em dupla com um trabalhador varrendo e outro trabalhador coletando para lutocar com saco plástico. Espera-se que cada dupla faça 4,8 Km por jornada de 07 às 15h20minh de segunda a sábado. Existe o tempo improdutivo de distribuição desse contingente usando caminhão e ônibus e depois o tempo de recolhimento deste pessoal. Por volta das 14h30min vi grupos de trabalhadores juntos parados esperando a condução.



Nos descampados não ocupados entre os logradouros trabalhadores catam o lixo “branco” com espetos acondicionando os resíduos em sacos plásticos. Cada equipe de “catadores” é composta de 10 empregados. Este serviço é importante para o aspecto de limpeza da área. Pelo que vi algum trecho pode até ficar sem varredura, mas não deve ficar sem o “catador”.


Existem também grupos de trabalhadores “especializados” em pintura de meio fio para realizar teoricamente uma pintura anual em toda a extensão de sarjeta da área. Cada equipe de “pintores” é composta de 18 empregados. Apesar de não ser prática na Cidade do Rio de Janeiro, considero a pintura de meio fio interessante para dar um aspecto de limpeza em logradouros de áreas menos ocupadas. No Rio de Janeiro áreas mais para zona Norte e Oeste.

Concluindo a organização dos trabalhadores temos as turmas de “diversos” que executam tudo que os outros não fazem e praticam “mutirões” de limpeza principalmente em logradouros que ligam as “cidades”. Esse pessoal também executa capina para evitar que as sarjetas fiquem pesadas para os varredores.

Enfim, varredor, “carrinheiro”, catador, pintor e “diversos”, muita especialização para o que no Rio de Janeiro resume-se ao gari que faz tudo.

Esta divisão de tarefas antes de ter um motivo operacional atende ao motivo financeiro, pois o serviço é pago em Km varrido para o caso de varredura e Homem Apresentado para os demais serviços. O varredor deve varrer para garantir a fatura, mesmo que exista capim ou algum ralo sujo pelo caminho, estas coisas são para outras pessoas e outras faturas.