Translate

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Quem paga a reciclagem?

por Samantha Maia — publicado 15/11/2013 06:41

Uma disputa é travada entre o setor público e as empresas para definir quem é responsável pelos custos da reciclagem das embalagens no Brasil. Uma parcela importante do setor privado não quer assumir o gasto com a coleta seletiva, exigência do governo federal, enquanto outra corrente propõe um modelo de financiamento baseado na experiência da Europa.

A União deseja que as companhias assumam a parte dos custos da limpeza urbana relacionada à coleta de embalagens, cerca de 30% do lixo recolhido nas residências. "O que se discute é quanto e em que circunstâncias as empresas devem remunerar o município pela participação na logística reversa", diz Zilda Veloso, diretora de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, em referência ao processo para garantir o retorno ao produtor dos materiais descartados pelos consumidores.

As maiores empresas da cadeia, entre elas Coca-Cola, Nestlé, Unilever e Walmart, são contra. Reunidas na Coalizão, grupo formado por 21 associações empresariais e liderado pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem, elas tentam evitar o custo adicional. "Não temos de ressarcir a coleta seletiva, função legal das prefeituras", diz Victor Bicca, presidente do Cempre. Caberia ao setor privado aumentar o número de pontos de entrega voluntária de lixo reciclável, apoiar as cooperativas de triagem e garantir a compra da sucata. Para o governo, não é suficiente.
A Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro propõe um modelo de compartilhamento dos custos da reciclagem entre empresas e municípios. O formato, semelhante aos pontos verdes existentes em países europeus, é baseado no financiamento privado de uma gerenciadora responsável pela administração da logística reversa. "As empresas pagariam uma tarifa pela embalagem a cada produto colocado no mercado. A soma de recursos permitiria à gerenciadora discutir com os municípios como fazer o tratamento dos produtos", diz Lucien Belmonte, superintendente da entidade. Caberia a essa estrutura fechar acordos e contratos com as cooperativas, beneficiadoras e recicladoras. A venda da sucata complementaria a remuneração do sistema.
O modelo é semelhante àquele sugerido pelo governo, a partir de um estudo de viabilidade técnico e econômica realizado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Segundo a pesquisa, a existência de uma entidade gestora é importante para organizar o fluxo de sucata, otimizar o transporte entre centros distribuidores e obter ganho de escala. E a responsabilidade caberia às empresas. Uma terceira proposta, apresentada pela Associação Brasileira da Embalagem de Aço, também contempla a expectativa do ministério ao pressupor um gerenciamento e controle da logística reversa pelo setor privado.

O governo busca combinar as propostas apresentadas para chegar rapidamente a um acordo. A definição de um sistema de logística deve ocorrer até o fim de dezembro, depois de um ano e meio de discussão, para atender às normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010. As metas para redução do descarte de recicláveis em aterros sanitários começam a contar a partir de 2015.

Na proposta da Coalizão, agrada ao ministério a atenção dada às cooperativas, pois a lei de resíduos sólidos estabelece como prioritária a inserção dos catadores no novo sistema. O grupo propõe triplicar o número de cooperativas e sustenta que a formalização da estrutura existente seria suficiente para atingir as metas exigidas, se municípios implantarem corretamente a coleta seletiva. Estima-se em 600 mil a 1 milhão o número de catadores no País e em 30 mil as cooperativas, incluindo os informais. "O modelo informal tem proporcionado ao Brasil níveis de reciclagem muito altos. É preciso fortalecer esse sistema complementar, formalizá-lo e diminuir o número de intermediários", defende Bicca.
O ministério cobra, porém, uma reestruturação completa do modelo, pois não concorda com a premissa de que o sistema atual é eficiente. A principal mudança em relação à cadeia que chega atualmente a metas impressionantes, como a reciclagem de 98% das latas de alumínio, é remunerar não só a sucata, mas toda a operação de coleta, transporte, triagem e beneficiamento dos produtos, além da destinação adequada da parcela não reciclável. Isso permitiria às cooperativas se autossustentarem e garantirem a venda até de materiais com baixo valor de mercado. Também evitaria a queda dos preços dos recicláveis em caso de saturação por insuficiente expansão do parque reciclador.
"Hoje, quem determina o preço do reciclável é a indústria compradora, que não assume o custo do serviço. O sistema funciona com o trabalho escravo de catadores desassistidos ou remunerados pelas prefeituras pelo serviço ambiental", diz Karin Segala, coordenadora de projetos do Instituto Brasileiro de Administração Municipal.

Pesquisa realizada pela LCA Consultores a pedido do Cempre concluiu que o mercado informal no Brasil permitiu em 2012, a reciclagem de 65% das embalagens produzidas. "A conta foi feita a partir do produzido e do processado pelos recicladores, o que permite contabilizar o recolhido informalmente nas ruas e nos lixões", afirma Bicca. O número é encarado com desconfiança por outros agentes do setor. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública, o volume chega a, no máximo, 10%.
"Se fossem 65%, o problema estaria resolvido", diz Segala. A meta da política nacional é chegar a 60% até 2031.
No município de São Paulo, onde o objetivo é saltar de 1,6% de coleta seletiva para 10% em 2016, a prefeitura investirá em centrais mecanizadas de triagem, além das 22 cooperativas conveniadas, por entender que apenas os catadores não darão conta da demanda. "As melhores cooperativas processam 4 toneladas de lixo por dia, e para atingir a meta será preciso processar 1,2 mil", diz o vereador Nabil Bonduki. Para financiar a nova estrutura, a prefeitura tenta um acordo de cooperação com a iniciativa privada, o principal nó desse debate.
É preciso ainda aumentar a capacidade de reciclagem da indústria. As empresas têm investido em tecnologias que elevam o potencial de reutilização de materiais na sua produção. É o exemplo das garrafas PET, cuja redução do grau de descontaminação da resina reciclada permite que ela seja usada para fabricar outros recipientes de alimentos. As empresas reivindicam a desoneração dos materiais recicláveis para tornar os produtos mais competitivos em relação às matérias-primas virgens, proposta em estudo no governo. A oferta regular a ser garantida pela universalização da coleta é outro fator de estímulo.
"Hoje falta um gerenciamento do mercado de reciclagem que o encare como um setor econômico e não como um projeto social. Existe um potencial produtivo enorme, principalmente para os catadores, sem continuarmos a nos valer de sistemas subumanos com índices pífios de reciclagem", diz Carlos Silva Filho, diretor-executivo da Abrelpe.

Além das embalagens em geral, há outros quatro setores que precisam implantar um sistema de logística reversa: de agrotóxicos e de lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, eletroeletrônicos e medicamentos. Dentre eles, apenas o primeiro grupo chegou a um acordo. Os segmentos de lâmpadas fluorescentes e de eletroeletrônicos ainda discutem um modelo. A destinação correta das lâmpadas depende de uma solução para seu financiamento, mais cara por conta da toxidade dos componentes. Para eletroeletrônicos, um dos pontos a serem resolvidos é o modo de financiar o tratamento do resíduo decorrente do mercado ilegal. O acordo setorial para medicamentos está em fase de apresentação de propostas pelas empresas.

sábado, 9 de novembro de 2013

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Polisdigitocracy



Apesar do momento positivo do Rio de Janeiro com a oportunidades de  investimentos em mobilidade , habitação e toda a paisagem urbana alavancados principalmente por sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, também existe uma “crise de confiança” com manifestações rotineiras pelas ruas.

As manifestações que acontecem pelo Brasil, assim com em outras partes do mundo, são protestos destinados aos políticos e ao ambiente político que evidenciam uma crise na democracia representativa.

Na infância da democracia na Grécia antiga, cidadãos engajados pessoalmente debatiam acaloradamente sobre questões políticas reunidos na Ágora, praça localizada no centro da cidade, a Polis.

O movimento político direto se tornou cada vez menos viável com o crescimento das cidades. Surgiram os Fóruns romanos onde alguns poucos cidadãos eleitos representavam outros nas discussões políticas, nascia a democracia representativa que, ao longo dos séculos manteve-se como modelo político.

Ter representantes eleitos está associado ao que se constitui uma nação democrática.  No entanto, dois fenômenos recentes estão levando a uma mudança significativa para o que as pessoas percebem como a democracia:

 “Em primeiro lugar, o poder crescente das cidades . O mundo tornou-se na maior parte urbanizada e de acordo com a ONU Habitat , 70 por cento de nós estará vivendo em cidades até 2050. A maioria dos problemas mais prementes do mundo pertencem a cidades : saúde, educação, mobilidade e até mesmo importa que aparentemente pertencia a nações, como as alterações climáticas e do emprego”.


O segundo fenômeno é a onipresença da revolução digital. Tecnologia encolheu o mundo e  espremeu as distâncias. Ele tornou possível para as pessoas a se conectar e se comunicar em uma escala sem precedentes. Debates entre os cidadãos são agora mais ágil e muito mais variado do que eram na Ágora grega, on-line em todas as plataformas multimídia com dados, palavras, imagens e vídeo.

Democracia representativa tradicional dentro das nações não é mais suficiente. As pessoas querem mais participação e exigem proximidade das instituições e autoridades. O Polis está de volta e a Internet é a nova Ágora.

O que estamos testemunhando é o nascimento da Polisdigitocracia . Esta é uma forma de governo que conta com a participação e a transparência como seus pilares e usa a tecnologia como seu guia.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Heavy Transfer!


Coisa de Alemão! Mas não dá para deixar de imaginar alguns usos para esses equipamentos em comunidades como pontos de transferência.

Sopradores! Sopradores! Sopradores!



Um trabalhador bem treinado com soprador pode substituir até oito trabalhadores com ferramentas comuns principalmente em áreas sem sarjeta como praças, largos, esplanadas e, como sugere a foto, gramados. Um soprador trabalhando em conjunto com outros varredores encarregados de remoção dos resíduos e acabamento potencializa a ação do grupo como uma metralhadora em um pelotão de fuzileiros. 

Trabalhando em limpeza de eventos, acúmulo de folhas, grandes extensões e até mesmo empurrando lixo para onde uma varredeira irá passar, o soprador parece ser uma opção de mecanização do serviço de varrição.

Já foi testado com sucesso na cidade do Rio de Janeiro, basta receber a atenção e escala que merece.





Marco legal!


domingo, 3 de novembro de 2013

Elefantinho Paulista

Garis limpam a calçada da avenida Paulista, em São Paulo, com o aspirador de pó gigante.Segundo eles, o aspirador é mais prático é bem menos cansativo
Apelidados de "elefantinho" por causa do tubo de aspiração, equipamentos semelhantes aos da foto publicada no site UOL em janeiro de 2013 foram usados por algum tempo no Rio de Janeiro . 



O equipamento limpando a calçada da Avenida Paulista aparentemente usa um motor à combustão para sugar resíduos para um container plástico. A postura da gari no primeiro plano sugere que a movimentação da coisa não é muito ergométrica, além disso, o gari no segundo plano dificilmente conseguirá coletar o material branco próximo aos seus pés sem ajuda das mãos. Embora de produtividade duvidosa,  é um equipamento que chama atenção.