Uma aposta do Consórcio Intermunicipal Panambi-Condor (ferramenta criada na década de 1990 pelas duas cidades para dar encaminhamento aos seus resíduos) foi a contratação de uma empresa que utilizará o rejeito para a geração de energia elétrica, no município panambiense.
A companhia escolhida foi a Intrar Eco Energy, formada pela nordestina Usitrar e pela gaúcha Infinita Estrutura de Negócios. O sócio-diretor da Intrar Lori Giombelli explica que o processo tecnológico que será adotado é a carbonização (ou desidratação) dos resíduos sólidos urbanos. O lixo será submetido, dentro de um reator, a temperaturas de cerca de 800 graus Celsius. O procedimento não envolve oxigênio, sendo o material aquecido em ambiente fechado. O resultado dessa operação é a formação de uma espécie de carvão, com características mais próximas do carvão vegetal do que do mineral.
Giombelli salienta que o carvão mineral, quando queimado, gera gases que representam um impacto maior ao meio ambiente. Já o insumo que sairá do procedimento em Panambi, em formato de pó, assemelha-se mais ao carvão utilizado em churrascos. Com esse produto, posteriormente, será possível gerar energia térmica ou elétrica. Alguns resíduos que sobram depois da carbonização poderão ser aproveitados também em subleitos de estradas, indústria cerâmica, entre outras finalidades.
“Para tudo que entrar na nossa usina, daremos o tratamento adequado e cumpriremos as leis e a política nacional dos resíduos sólidos”, enfatiza o dirigente. O planejamento prevê a instalação de uma termelétrica, ao lado da planta que fará a carbonização dos materiais, com capacidade de geração de 4 MW a 6 MW para aproveitar o combustível produzido. Giombelli estima em torno de R$ 35 milhões o investimento que será absorvido pelo projeto como um todo.
Energia Comercializada
A ideia é que a energia propiciada seja comercializada em leilão específico para a geração feita a partir de resíduos sólidos urbanos ou no mercado livre (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a eletricidade). Além de lucrar com a energia, o complexo será remunerado por tonelagem de lixo recebida. Inicialmente, a perspectiva é de que a planta trabalhe, aproximadamente, com 240 toneladas a 260 toneladas de rejeitos ao dia. Esse volume será oriundo de Panambi e Condor, assim como de outros municípios da região. Giombelli diz que podem ser aproveitados para a carbonização resíduos orgânicos e inorgânicos, de preferência que não tenham possibilidade de serem reciclados. Hoje, esse lixo é destinado para aterros sanitários.
O empreendimento de desidratação de resíduos já conta com a licença ambiental prévia da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), e Giombelli acredita que seja possível conquistar o licenciamento de instalação ainda neste ano. A partir do início das obras, a expectativa é que sejam necessários 12 meses para a conclusão da planta. Na operação do complexo, serão empregadas diretamente 41 pessoas e na construção, entre postos indiretos e diretos, mais 50 trabalhadores.
O prefeito de Panambi, Daniel Hinnah (PMDB), comenta que já faz cerca de oito anos que o município procura uma alternativa para uma nova destinação para o seu lixo urbano. O dirigente destaca que a cidade possui um aterro sanitário para fazer esse encaminhamento, porém a preocupação é o que fazer com esse espaço futuramente, quando chegar ao seu limite, além da questão dos custos de manutenção.
Município prevê renda e economia de despesas
Além da geração de ICMS com a produção de energia elétrica, a prefeitura de Panambi calcula que, com a nova destinação dos resíduos, será possível reduzir um custo anual de cerca de R$ 1,45 milhão, que é a despesa com a atual forma de encaminhamento do lixo.
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Ambiental, Rafael Oliveira, detalha que o município e Condor não terão que desembolsar valores para implantação do complexo ou arcar com despesas do lixo encaminhado (porém outras cidades que ingressarem na iniciativa terão custos com os rejeitos enviados).
A prefeitura deverá contribuir com a doação de uma área de cerca de 14 hectares, próximo a BR-285, para sediar o complexo. Mais cerca de 30 municípios da região manifestaram interesse em destinar os seus resíduos para a nova usina.
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