O indicador chama atenção ainda mais pelo fato de o Rio possuir um dos sistemas públicos de gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) mais caros do país, que custa R$ 2,176 bilhões por ano, sendo que cada cidadão desembolsa anualmente uma quantia específica referente ao IPTU para contar com um dos piores serviços de reciclagem de lixo do país.
Os dados, extraídos do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Recursos Sólidos (SINIR), do Ministério do Meio Ambiente, foram compilados pelos pesquisadores do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA), e fazem parte do estudo “Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos: Uma análise Diagnóstica do Município do Rio de Janeiro”, que propõe algumas saídas para o problema.
De acordo com o coordenador do mestrado, o professor Carlos Eduardo Canejo, existem muitas oportunidades de melhoria no sistema de gestão de resíduos do município, porém, o maior desafio é aumentar o IRR, que é calculado pela razão entre a reutilização, reciclagem e recuperação energética do lixo e o total de geração de resíduos sólidos urbanos na região auferida.
“Temos um potencial enorme, ainda não devidamente explorado, para a valorização das frações papel-papelão, plástico e orgânica dos resíduos sólidos gerados. No entanto, precisamos desenvolver políticas públicas e canalizar mais investimentos para tornar mais robusta e efetiva a cadeia produtiva de reciclagem no município”, afirmou o professor.
Sobre a Pesquisa:
De acordo com os dados compilados pelo estudo, os cariocas produzem 8.801,76 toneladas de resíduos sólidos por dia, o que representa 366 toneladas por hora, ou cerca de 6 toneladas por minuto. Em termos de volume, tudo que é produzido encheria um Maracanã a cada 4,6 dias, porém, apenas 40% correspondem a material reciclável. Do restante, 52% são matéria orgânica, que pode ou não ter aproveitamento energético, e 8% rejeitos.
Em um ano, são geradas 1.285.056 toneladas de material reciclável, entre papel/papelão (16,8%), plástico (17,8%), vidro (3,3%) e metal (2,9%), sendo que apenas 66.430 toneladas (2,07% do total) são efetivamente enviadas para a coleta seletiva, segundo dados da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) do ano passado.
“Nos últimos anos, demos um salto considerável quanto à qualidade da disposição final ambientalmente adequada de resíduos sólidos urbanos na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, não restam dúvidas de que, se pretendemos agregar mais valor sustentável às nossas rotinas de gestão, devemos investir muito mais em novas práticas e soluções de gerenciamento integrado que valorizem e recuperem os resíduos”, comentou Canejo.
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