O Projeto Recicla Comunidade se apropriou do Projeto "Vamos Reciclar" desenvolvido como trabalho de término de curso de gestores "Líderes Cariocas" da Prefeitura do Rio de Janeiro realizado no COPPEAD em 2012, ainda que sem qualquer referência ou crédito, foi exemplarmente transformado em realidade pela Secretaria Municipal de Ação Comunitária.
Pela reportagem o projeto "Recicle Comunidade" não está tão voltado assim para a comunidade. Mas contribui em algo para o resultado da recuperação de recicláveis da cidade.
Plástico, vidros, latinhas, papelão e metal recolhidos de ruas viram crédito e podem ser trocados por alimentos em padarias e mercados.
Por Diego Haidar e Rafael Avelino, Globo Comunidade
Já pensou em trocar o lixo de casa por compras no mercado ou na padaria? Um projeto da Prefeitura do Rio está ajudando a população carente e limpando as ruas de comunidades.
Moisés Reis é catador profissional e ganha a vida recolhendo lixo. Com um carrinho, ele leva o material que recolhe nas ruas para reciclagem.
“Pego no chão, pego na loja. Para muitos é lixo, mas para mim não é não. Papelão, trabalho com tudo, ferro, lata. É trabalho duro, não é mole não."
A catadora Maria do Carmo também separa o que recolhe das ruas do Rio.
“Eu cato, separo. É o dia todo. Eu vou pra um lugar e vejo uma latinha e pego. Vejo um PET, pego. A minha vida é assim, eu não paro não”, conta a catadora.
A reciclagem ajuda Maria a ganhar um dinheiro extra. “Estou pagando as minhas dívidas, só do meu cartão estou pagando R$ 800.”
Tudo é levado para um ponto de coleta na comunidade Asa Branca, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O local é um dos 11 pontos do projeto Recicla Comunidade, mantidos pela Prefeitura do Rio. Todo material que chega é pesado e separado.
A catadora ganhou R$ 41 pelos cinco sacos de lixo. Outros moradores também aproveitam a oportunidade.
“Eu venho todos os dias. Faço um bico na cozinha, o que sobra, falo com a patroa e pergunto se posso levar. A reciclagem me ajuda muito", diz a desempregada Jacilia dos Santos.
Jacilia acessa o pagamento pelo lixo com um cartão. Ela pode trocar o valor recebido por dinheiro ou usar como crédito em lojas de comerciantes cadastrados. No Rio, existem mais de 240 pontos cadastrados no projeto.
“Eu pago a alimentação dos meus filhos, porque eu sou mãe solteira. Pago alimentação, remédio, porque às vezes no SUS não tem e eu tenho que correr para as farmácias. Foi muito bom ter o Recicla na comunidade. Não ajuda só a mim. Deixamos a rua limpa e fazemos uma boa ação para a comunidade", fala.
O Recicla Comunidade chamou a atenção também dos moradores de condomínios que ficam perto da comunidade Asa Branca.
Marisa Melo foi bancária e hoje dá aulas de educação financeira para crianças com a ajuda do projeto.
“Eu sou moradora da região. Costumo fazer minhas caminhadas por aqui e utilizo o serviço de um comércio local aqui na comunidade. Além de ser professora, eu sou mãe e acredito que através dessas ações a gente consegue construir o nosso mundo melhor, o nosso planeta melhor.”
“Eu mostro pra eles que o lixo tem valor. O valor que eu arrecado, eu compro material de estudo, folhas, pão na padaria também”, diz a professora.
A secretária de Ação Comunitária, Marli Peçanha, diz que o projeto não só transforma o lixo em dinheiro, mas ajuda a melhorar a qualidade de vida da população.
"Ele faz com que tenha-se mais saúde, porque com a comunidade sadia, os moradores se tornam bem mais sadios."
A presidente da Associação de Moradores da Asa Branca diz que, antes do projeto, muitos moradores não tinham conhecimento e não sabiam da importância da reciclagem e acabavam jogando o lixo nos rios.
"Agora o rio tá limpo, a coleta de lixo diminuiu em 70%. E com isso, quem ganhou foi a população, que tem uma renda extra e os comerciante locais", diz Amanda Ramos.
O projeto será ampliado e outros dois pontos de coleta serão inaugurados depois da Páscoa. Eles vão ficar na Ilha do Governador e na comunidade Dois de Maio, no Sampaio.
Como funciona?
Ao levar o lixo reciclável (plástico, vidro, latinhas, papelão, metal etc) ao ponto de coleta, o morador é cadastrado e recebe um cartão no qual é creditado o valor do material vendido. Ele funciona como uma moeda social para ser utilizada no comércio cadastrado dentro da comunidade.
Pequenos mercados, bazares, casa de material de construção, salão de beleza, pensão e padarias são alguns dos estabelecimentos inscritos. A transação no comércio é feita por meio de smartphones.
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