Após
um inconsistente movimento grevista tipo vaga-lume encerrado com a assinatura
do acordo coletivo de 2019, por mais que seja antipático, é importante examinar
com atenção o discurso sobre a questão salarial dos empregados da Comlurb sob a
ótica patronal e sindicalista.
Pela
ótica patronal, é dissonante da conjuntura da gestão pública o discurso vangloriando
“a melhor cesta de benefícios da categoria no país”, destacando que “a maioria
não sendo de obrigação legal”, e a concessão de aumento real por “entender que
os empregados são importantes para o cidadão carioca”.
A
evolução da remuneração do Gari e sua cesta de benefícios é incompatível com
ambiente empresarial que busca flexibilizar relações trabalhistas e reduzir sistematicamente
custos.
Pela
ótica sindical, o discurso é maleável. Da
mesma forma que considera satisfatório assinar com as empresas de e asseio e conservação 3,76% de aumento, inicia uma greve para superar os 4% de aumento na
Comlurb.
Existe
uma autoestima institucional exacerbada que dificulta o correto julgamento
sobre a realidade. Parece que independente do mundo
que nos cerca merecemos ter a maior carteira de benefícios, o vale refeição mais
alto pago por toda a Prefeitura, ser a única categoria de servidores que conta
com reajuste salarial todos os anos, "mesmo com as dificuldades financeiras".
Vitória
do trabalhador? Vitória da Comlurb? Como seriam os discursos patronais e
sindicais se a Comlurb não fosse uma empresa pública? Como serão os discursos
quando o custo Comlurb corroer qualquer vantagem em relação ao modelo de gestão
de resíduos existente em outras cidades?
Em algum momento será necessário empregar esforços para repensar a questão da remuneração dos empregados, especialmente os benefícios
não obrigatórios existentes em acordo coletivo, visando a redução do "custo Comlurb".
"A proposta fechada em assembleia com o Sindicato dos Empregadores de Empresas de Asseio e Conservação do Rio (Siemaco-Rio) foi a apresentada na manhã de hoje (29/04), durante audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT): aumento de 4,7% no salário, mantendo os benefícios de impacto econômico-financeiro na forma do Acordo Coletivo de 2018.
A Companhia oferece a melhor cesta de benefícios da categoria no país, que soma mais de 20 itens, incluindo planos de saúde e odontológico, extensivos aos dependentes, auxílio-creche, entre outros, a maioria não sendo de obrigação legal. Vale lembrar que só o vale refeição é o mais alto pago por toda a Prefeitura do Rio, R$ 710. A administração municipal reconhece a importância dos garis para a cidade do Rio e isso se reflete no fato de ser a única categoria que conta com reajuste salarial todos os anos, mesmo com as dificuldades financeiras".
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