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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Comlurb já recolheu 40 toneladas de gigogas na orla da Zona Oeste do Rio


Ao todo, 30 garis atuaram nas praias da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes

As gigogas foram arrastadas para a praia após temporal que atingiu a cidade Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
As gigogas foram arrastadas para a praia após temporal que atingiu a cidade - Gabriel de Paiva / Agência O Globo

 
POR GUSTAVO GOULART / GUILHERME RAMALHO 23/06/2017

RIO - A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) já recolheu 40 toneladas de gigogas na Orla da Zona Oeste, um tipo de planta que tem a função de limpar o ambiente e se multiplica em locais poluídos. Ao todo, 30 garis atuaram nas praias da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes. O escoamento das plantas, que se proliferam nas lagoas da região devido ao esgoto in natura lançado nas águas, foi provocado pelo rompimento da ecobarreira na Lagoa da Barra da Tijuca, no Itanhangá.

Junto com as gigogas, navegaram pelas lagoas da região um sem número de lixo dispensados por uma população que não para de crescer na Baixada de Jacarepaguá: no meio das plantas foram encontrados troncos de madeira, galhos de árvores, baldes de plástico, um grande número de garrafas pet, sandálias de borracha, colchão, travesseiros, recipientes plásticos de cozinha e de armazenamento de óleo de motor de carros, latas lixo, frascos de desodorantes, pedaços de isopor, bolas de couro e de plástico, tupperwares, frascos de aerosol, garrafas de vidro e de plástico e até um pedaço da ecobarreira que se rompeu dando início ao vazamento.

Os trabalhos, iniciados às 7h de quinta-feira, contaram com o apoio de uma pá mecânica, um poli guindaste, dois caminhões basculantes, um trator de praia e duas caçambas metálicas. De acordo com a Comlurb, o serviço seguirá enquanto as plantas continuarem a chegar na praia.

O biólogo Mário Moscatelli fez um sobrevoo na manhã desta quinta-feira na região da Barra da Tijuca e da Baixada de Jacarepaguá e observou a origem de problemas antigos que afetam toda aquela parte da Zona Oeste. Segundo ele, os rios Marinho e Das Pedras, os arroios Pavuna, Pavuninha, Fundo e Canal do Anil estão assoreados. Ele alertou para o risco de deterioração permanente na região se nada for feito de imediato.


Funcionários da Comlurb recolhem as gigogas da areia da Praia da BarraFoto: Gabriel Paiva / Agência O Globo
— Todos esses rios transbordaram e lançaram no sistema lagunar seguimentos, gigogas e lixo. Isso é fruto da ocupação desordenada e da falta de saneamento. Chamou a atenção uma cena no Arroio Fundo, próximo à Cidade de Deus (CDD). Havia uma montanha de lixo de quatro a cinco metros de altura sendo mexida por uma retroescavadeira. A CDD tem sistema de coleta de lixo regular. Vejo isso. E se mesmo assim o lixo é acumulado às margens do arroio é sinal de que os moradores são incivilizados, a coleta é insuficiente ou a quantidade de equipamentos para receber o lixo também é insuficiente. Ou todas as respostas podem ser verdadeiras.

Moscatelli também fotografou inundações em condomínios e favelas em Vargem Grande e em Vargem Pequena. E também em condomínios próximos ao Canal do Portelo. Este e o Canal Cortado estavam obstruídos por vegetação aquática.

— O Canal do Portelo, por exemplo, é responsável pela drenagem das águas do Maciço da Pedra Branca em direção à região dos campos da Sernambetiba, que inclui as áreas de Vargem Grande e Vargem Pequena. É como se alguém jogasse água numa varanda e não tivesse dreno para ela escoar. Com o crescimento urbano desordenado o solo fica impermeabilizado. Vi gente utilizando entulho de todo tipopara ser usado no crescimento urbano — apontou.


Equipes da Comlurb fazem limpeza na Praia da Barra, infestada por gigogas, plantas que se proliferam em locais poluídosFoto: Reprodução / Mario Moscatelli

Para o biólogo, o que está acontecendo no Canal de Sernambetiba é um crime ambiental que põe em risco a Praia da Macumba.

— Canal da Sernambetiba drena a água que vai para a Praia da Macumba. E vi que a praia já está com os dias contados. Está muito assoreado o canal. Este não é um país sério. Isso um ano após os Jogos Olímpicos. Foram gastos no evento R$ 40 bilhões e não sobrou nada para os legados em meio ambiente. E só tende a piorar. As autoridades de todas as esferas de poder não querem fazer nada. Querem usar até acabar. Então, aviso que vai acabar. O principal ativo ambiental e econômico do Rio são as praias. Estamos na metrópole do século XXI com o pensamento de uma população do Brasil colônia do século XVIII. Se não tiver a participação da sociedade para mudar esse quadro nem se tivéssemos um governo sueco vai dar jeito — alertou.

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