RECICLAGEM DE AGENTES DE LIMPEZA URBANA
Relatório Final
Percebendo a necessidade de responder operacionalmente ao cenário de transformações que acontecem na Cidade do Rio de Janeiro a Diretoria programou um curso de reciclagem para todos os seus Agentes de Limpeza Urbana.
AVALIAÇÃO GERAL
O Módulo “Cenário Rio 2016” foi considerado como indicador da eficácia do treinamento por ter conteúdo motivador para uma postura proativa em relação aos procedimentos que deverão ocorrer na Cidade do Rio de Janeiro até a Olimpíada de 2016.
Dos duzentos e oitenta e seis Agentes de Limpeza Urbana e Encarregados II participantes, 272 (duzentos e setenta e dois), praticamente todos, preencheram o formulário de avaliação indicando uma nota média de 7,8. De todas as avaliações preenchidas, 211 (duzentos e onze), 78% do total, avaliaram com notas superiores a sete.
PARTICIPAÇÃO DO DIRETOR
“Achei muito bom todos os treinamentos. Precisamos realmente de uma sacudida e não existe forma melhor do que mostrar os por quês. Guilherme também foi importante nas suas colocações”.
A presença do Diretor da DSS em todas as turmas dissertando sobre os cenários atuais e futuros da Comlurb e da Prefeitura foi fundamental para valorizar o treinamento legitimando os assuntos apresentados e discutidos. Muitos dos Agentes presentes se surpreenderam com a presença do Diretor, fato que contribuiu para motivar a participação e talvez o comportamento futuro em logradouro.
QUESTÕES PERCEBIDAS
A participação em sala de aula e os 147 (cento e quarenta e sete) comentários escritos que foram usadas para representar as necessidades e reivindicações do público presente, aqui traduzidas como “Questões”.
Questão do reconhecimento salarial
"Valorizar o Agente de forma que se sinta como um profissional, ganhando como tal e não como um Gari melhorado."
Os ALU consideram que a diferença salarial entre eles e os garis, principalmente os novos, é pequena para a responsabilidade e cobrança de resultados exigida para o cargo. Consideram que ser ALU não é atrativo para muitos garis.
Os ALUs não conseguem entender a diferenciação existente entre Agente de Limpeza Urbana A e Agente de Limpeza Urbana B. Apesar de explicado que esta diferenciação existiu somente no início do atual Plano de Cargos para identificar os empregados com diferentes referências, os ALU entendem que o nível B é uma promoção do nível A e reivindicam esta promoção.
Questão do Uniforme
"Uniforme diferenciado do Gari, principalmente a calça”
Existe entre os ALU uma preocupação em se diferenciar dos garis representada principalmente por suprimir a cor laranja de seu uniforme. Alegou-se que a cor laranja não impõe “respeito” sobre os empregados e faz o morador confundi-lo com um gari. O fato do uniforme do Gari-EL ser semelhante ao do ALU foi indicado como problema, pois um profissional é confundido com o outro.
Questão da Admissão de Novos Garis
“Gostaria que vocês revissem os critérios de admissão dos novos Garis, principalmente na questão da idade/comprometimento."
Houve quase unanimidade em críticas sobre o comprometimento dos garis recém contratados, os de “matrícula 50 mil”. Dizem que os novos garis são bem escolhidos fisicamente, mas não tem interesse e responsabilidade pelo trabalho por não possuírem preocupações sócio-familiares.
Enquanto um gari mais antigo, por volta dos trinta anos, valoriza seu emprego por ter compromisso com sua família, esposa, filhos, obrigações com aluguel, pagamento de contas etc, o gari novo mora com os pais e está interessado somente em pegar o salário para festejar.
O novo gari não se importa em estar ou não empregado!
Questão do Exercício da Autoridade
“O primeiro instrutor foi muito autoritário quanto a forma de tratar o Gari no dia-a-dia de trabalho”.
Existe muita preocupação em “estar bem com o gari” e não ser visto como um ALU que “cobra muito”. Confrontados com a necessidade de garantir a presença produtiva do gari no logradouro, muitos ALU consideram negativa o exercício legitimo da autoridade do cargo que existe principalmente para fazer o gari fazer.
Se por um lado os ALU querem ser distanciados dos garis em questões salariais e visuais, não querem ser distanciados na questão da relação chefia subordinado. Nitidamente preferem não se indispor com o gari exigindo maiores níveis de produtividade e qualidade.
Questão da Fragmentação da Equipe Gerencial
"O curso foi bom, ruim é que na prática pouca coisa acontece na gerência, pois muitas das vezes o gerente trabalha priorizando seus propósitos."
"Eu acho que tem que ter reciclagem para gerente porque tem gerente que não entende do trabalho da Comlurb e fica jogando a culpa dos resultados negativos nos Agentes."
“Espero que seja concretizado o que foi dito, sobre o plano de cargos e salários, foi tudo gravado no celular.”
É motivo de preocupação a freqüência com que os ALU criticaram a qualificação, comportamento e comprometimento dos Gerentes de Departamento e Adjuntos, repetindo o mesmo discurso que os Gerentes têm em relação aos Agentes. O cenário é de fragmentação da equipe gerencial onde os Gerentes, Agentes e Garis alimentam expectativas negativas que impedem o desenvolvimento de um trabalho realmente produtivo. Buscar melhorias em um ambiente de falta de confiança mútuas é virtualmente impossível
CONCLUSÃO
Apesar da avaliação positiva dos participantes não há como saber se haverá realmente alguma melhoria profissional nos Agentes de Limpeza Urbana.
Questões complexas de auto-estima, desconfiança e apatia levam há crer que muito deve ser feito para que o Agente de Limpeza Urbana possa ser reconhecido como um profissional que contribua ativamente com a busca de melhorias contínuas.
Podemos inferir que existe muita necessidade de melhorar a seleção e capacitação de toda a equipe gerencial (Gerentes, Agentes e Garis), da mesma forma que existe a necessidade de melhorar a avaliação e reconhecimento (negativo ou positivo) destes profissionais.
Das questões percebidas ao longo do curso sugiro revisar o uniforme do Agente diferenciando-o principalmente do gari-EL e iniciar estudos sobre formas de considerar questões sociais na seleção dos garis, pois não basta ter um corpo são, é importante ter uma mente sã.
Houve quase unanimidade em críticas sobre o comprometimento dos garis recém contratados, os de “matrícula 50 mil”. Dizem que os novos garis são bem escolhidos fisicamente, mas não tem interesse e responsabilidade pelo trabalho por não possuírem preocupações sócio-familiares.
Enquanto um gari mais antigo, por volta dos trinta anos, valoriza seu emprego por ter compromisso com sua família, esposa, filhos, obrigações com aluguel, pagamento de contas etc, o gari novo mora com os pais e está interessado somente em pegar o salário para festejar.
O novo gari não se importa em estar ou não empregado!
Questão do Exercício da Autoridade
“O primeiro instrutor foi muito autoritário quanto a forma de tratar o Gari no dia-a-dia de trabalho”.
Existe muita preocupação em “estar bem com o gari” e não ser visto como um ALU que “cobra muito”. Confrontados com a necessidade de garantir a presença produtiva do gari no logradouro, muitos ALU consideram negativa o exercício legitimo da autoridade do cargo que existe principalmente para fazer o gari fazer.
Se por um lado os ALU querem ser distanciados dos garis em questões salariais e visuais, não querem ser distanciados na questão da relação chefia subordinado. Nitidamente preferem não se indispor com o gari exigindo maiores níveis de produtividade e qualidade.
Questão da Fragmentação da Equipe Gerencial
"O curso foi bom, ruim é que na prática pouca coisa acontece na gerência, pois muitas das vezes o gerente trabalha priorizando seus propósitos."
"Eu acho que tem que ter reciclagem para gerente porque tem gerente que não entende do trabalho da Comlurb e fica jogando a culpa dos resultados negativos nos Agentes."
“Espero que seja concretizado o que foi dito, sobre o plano de cargos e salários, foi tudo gravado no celular.”
É motivo de preocupação a freqüência com que os ALU criticaram a qualificação, comportamento e comprometimento dos Gerentes de Departamento e Adjuntos, repetindo o mesmo discurso que os Gerentes têm em relação aos Agentes. O cenário é de fragmentação da equipe gerencial onde os Gerentes, Agentes e Garis alimentam expectativas negativas que impedem o desenvolvimento de um trabalho realmente produtivo. Buscar melhorias em um ambiente de falta de confiança mútuas é virtualmente impossível
CONCLUSÃO
Apesar da avaliação positiva dos participantes não há como saber se haverá realmente alguma melhoria profissional nos Agentes de Limpeza Urbana.
Questões complexas de auto-estima, desconfiança e apatia levam há crer que muito deve ser feito para que o Agente de Limpeza Urbana possa ser reconhecido como um profissional que contribua ativamente com a busca de melhorias contínuas.
Podemos inferir que existe muita necessidade de melhorar a seleção e capacitação de toda a equipe gerencial (Gerentes, Agentes e Garis), da mesma forma que existe a necessidade de melhorar a avaliação e reconhecimento (negativo ou positivo) destes profissionais.
Das questões percebidas ao longo do curso sugiro revisar o uniforme do Agente diferenciando-o principalmente do gari-EL e iniciar estudos sobre formas de considerar questões sociais na seleção dos garis, pois não basta ter um corpo são, é importante ter uma mente sã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário