Todas as questões técnicas operacionais de Limpeza Urbana devem considerar as variáveis culturais da região onde o serviço é prestado. Se culturalmente as pessoas não estão acostumadas com determinado comportamento não adianta taxa-las de mal educadas, no máximo podemos afirmar que tem um comportamento diferente do que tecnicamente esperamos que tenham.
As papeleiras colocam em evidência esta relatividade do que definimos como “povo educado”.
Em um limite não haveria necessidade de papeleiras se as pessoas não jogassem lixo na rua confirmando a alegação do “eu deixo tudo na minha bolsa para jogar em casa”. No outro limite haveria necessidade de infestação de papeleiras colocando-as em cada poste para, valorizando a lei do menor esforço, bastando esticar o braço para jogar seu lixo na papeleira mais próxima.
Como em um mundo real as pessoas oscilam entre os dois extremos a melhor opção seria algo onde a distribuição de papeleiras não fosse rarefeita de tal forma que alguém optasse por jogar o lixo no chão, nem infestada de tal forma que causasse transtorno a movimentação de pessoas e agredisse o conceito de cidadania de quem não jogaria lixo no chão nem que tivesse que andar o dia todo segurando o palitinho de sorvete. Conseguir o meio termo entre rarefeito e infestado
Definir critérios rígidos quase matemáticos para distribuição de papeleiras também parece ser algo não muito eficiente. Coisas tipo uma a cada cinquenta metros despreza as variáveis culturais de cada região.
Um passeio pela cidade demonstra exemplos de locais onde as papeleiras existentes são totalmente desnecessárias, onde as papeleiras são insuficientes, onde atrapalham a circulação, onde são repedidas vezes depredadas, onde ficam em desarmonia com o espaço público, e, graças aos céus, locais onde estão muito bem posicionadas cumprindo sua função operacional e educacional.
Acredito que alguém experiente caminhando pelos logradouros observando a movimentação das pessoas e a ambiência do espaço público percebe onde instalar papeleiras sem a necessidade de equações matemáticas. Porém, algumas recomendações devem ser feitas:
1) Logradouros residenciais não devem ter papeleiras. Em um logradouro com baixa frequencia de varrição existe o risco de encontra inagens com esta onde a papeleira se transforma em ponto de disposição de lixo domiciliar fora do dia e horário de coleta:
2) Logradouros de lazer incluindo os de comércio semelhante a shoppings devem ter papeleira onde os usuários menos se locomovem. Em uma praça: próximo aos bancos e mesas de jogos, próximo a quiosques, brinquedos. Em um bulevar: próximo às esquinas e entrada de prédios públicos.
3) Logradouros comerciais e/ou de escritórios com movimentação intensa tipo centro da cidade deve haver infestação de papeleiras. Sem causar obstrução à circulação as papeleiras devem ficar como se os transeuntes quase tropeçassem nelas.
4) Em entradas e saídas de estações de metrô e trem, terminais rodoviários e marítimos devem ter papeleiras nos logradouros de acesso. Também em pontos de ônibus cobertos e pontos de taxi.
5) Padronização das papeleiras é vantajoso para a aquisição e manutenção, no entanto, alguma atenção deve ser dada para tipos diferenciados. Papeleiras mais resistentes em locais onde pode haver maior incidência de depredação tais como saída e acessos de estádios. Papeleiras mais elaboradas esteticamente para as maiores atrações turísticas. Até mesmo papeleiras temáticas como áreas de saída de praia ou shows.
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