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quinta-feira, 15 de maio de 2025
Nos 50 anos da Comlurb, garis exaltam orgulho com profissão e revelam desafios da rotina
Fundamental na vida dos cariocas, companhia possui mais de 19 mil funcionários e frota com 1.115 veículos
Romulo Cunha
romulo.cunha@odia.com.br
Rio - A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) completa, nesta quinta-feira (15), 50 anos de fundação. Considerada a maior organização de limpeza da América Latina, a instituição foi criada em 1975, depois da fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, como sucessora da Companhia Estadual de Limpeza Urbana (Celurb). Atualmente, são 19.253 funcionários, sendo 12.839 garis. Em comum, todos carregam o orgulho da profissão.
Ao DIA, Simone Vieira, de 52 anos, que trabalha na gerência de Bangu, na Zona Oeste, com o serviço de roçada, destaca que, quando era criança, via os garis passando na rua e ficava admirada. Por isso, sempre quis trabalhar na empresa e conquistou a vaga, há 15 anos, após um momento delicado: a perda mãe.
"No momento que mais precisei, eu passei na prova. Tinha perdido a minha mãe, vivia sozinha e precisava trabalhar, queria uma estabilidade. Fiquei muito emocionada e pensei nela porque se ela fosse viva, ia ficar muito feliz. Ela sabia o quanto eu queria isso. O caminhão passava lá em casa e eu corria atrás. Eu já tinha esse carinho. É uma emoção que não tenho nem palavras, é como se tivesse acontecendo tudo agora. Uma felicidade e um amor muito grande pela roupa que eu visto. É uma armadura. Nós somos guerreiros. Encaramos tudo com muito amor e carinho", conta.
Simone concilia o trabalho com a vida de judoca. Atleta do Flamengo, ela já competiu em campeonatos estaduais, nacionais e até disputou o mundial de veteranos pela seleção brasileira, em 2018, no México. Segundo a gari, o serviço de roçada serve como um treinamento para a modalidade. Mesmo no judô, a mulher segue influenciando próximas gerações.
"Tem muita criança que pede para tirar foto. No lado do esporte, tem um menino que veio da Inglaterra e quando viu o caminhão da Comlurb ficou apaixonado. A mãe conversou com a professora, que mostrou a minha foto para ele. Eu mandei fazer uma roupinha de gari. No dia que me conheceu, ele ficou no treino com a roupa de gari. Não quis colocar o kimono. Isso é muito legal e gratificante. Crianças são muito sinceras e você vê que é uma coisa pura. A gente se preocupa com o próximo, não só com a gente", completa.
O gari Valdeci de Boareto, de 56 anos, viveu metade da sua vida trabalhando na companhia: são 28 anos de carreira. Atualmente, dá expediente na Escola Municipal Padre Miguel da Nóbrega, em Ramos, na Zona Norte. Para ele, o trabalho é importante para conscientizar as pessoas sobre o cuidado com o meio ambiente. Boareto, inclusive, escreveu o livro "Comportamento que te salva", que destaca a inteligência emocional, resiliência e empatia adquiridos na vida prática.
"Aprendi tudo isso nas ruas do Rio. Tenho 28 anos de empresa, que pra mim é uma mãe e sabe acolher os filhos, nos protegendo do sol e da chuva. É uma coisa linda que tenho observado nesse tempo. As pessoas precisam se colocar no lugar daquele que faz o trabalho de limpeza urbana. O planeta é a nossa casa e precisamos cuidar, se não estaremos nos matando, nos destruindo. Essa conscientização faz uma grande diferença. Nosso padrão de vida aumenta muito com o nosso serviço. Cada lixo que tiramos, transmitimos saúde para a sociedade. Ser uma pessoa que transmite isso para a população é maravilhoso. Você se sente incluído no mundo. Se não existir esse profissional de limpeza urbana, o povo morre. Os hospitais ficam entupidos. É uma verdadeira pandemia", comenta.
Valdeci realiza palestras pelo estado, país e até fora do Brasil - o gari já esteve na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. "Na época que entrei, pensei que estava no lugar errado porque as pessoas viravam o rosto pra mim. Comecei a perceber que precisamos pegar o sistema e mostrar a realidade. Hoje, estou podendo falar para o mundo todo a importância desse profissional."
Sorriso como referência
O gari mais conhecido da companhia é Renato Luiz Feliciano Lourenço, o Sorriso, de 60 anos. Ele surpreendeu o público ao sambar na Marquês de Sapucaí enquanto trabalhava em 1997. Desde então, virou símbolo do Carnaval e da cidade, apresentando-se no fechamento das Olimpíadas de Londres, em 2012, que abriu espaço para a edição do Brasil em 2016, quando carregou a tocha olímpica.
Sorriso segue sendo referência para outros funcionários, como é o caso de Valdo Luiz Conceição, de 58 anos. O gari viralizou em 2020, durante a pandemia, ao dançar a música Flor de Lis, de Djavan, no Centro do Rio. Desde então, ele leva o trabalho na alegria.
"Após ver o Renato Sorriso dando aquele show na Sapucaí, ele foi um divisor de águas para nós. Não vai existir outro Tim Maia, outro Pelé nem outro Renato. A gente segue os bons e tenho ele como exemplo. Na Rua São José, um anjo me agraciou me filmando quando, sob um sol de 42°C, dançava e bailava ao som de Djavan. Só segui o ritmo da música e repercutiu. Foi um fato inusitado, mas de grande repercussão positiva. É de suma importância ao planeta e agradeço a Deus por fazer parte dessa função. Problemas, todos nós temos, mas tenho que deixar na gaveta. Não descontar em ninguém. Tenho que estar focado nas nossas referências", diz.
Segundo Valdo, a empresa fez com que ele realizasse sonhos. O gari começou sua trajetória na companhia há 23 anos e se tornou um maratonista amador devido a prática na coleta. Todos os dias ele sai de São Gonçalo, na Região Metropolitana, para ir ao Centro do Rio trabalhar e receber o carinho do público.
"Foi através de eu estar ali trabalhando na coleta domiciliar, correndo atrás de caminhão, que fez com que eu amadurecesse e me tornasse um atleta amador. Foi de suma importância porque me deu preparo. Essa empresa me fez realizar sonhos e tudo que eu sou agradeço a ela. A nossa função é manter a cidade limpa para fazer o carioca e os turistas mais felizes. É de suma importância para o meio ambiente. Além disso, o gari conhece todas as ruas e está sempre auxiliando as pessoas. Só tenho orgulho", destaca.
Desafios
Ao fazer 50 anos, o principal desafio da companhia é o combate ao descarte irregular de resíduos e entulhos, que pode formar áreas críticas pela cidade. Em épocas de chuva, os garis são responsáveis por retirar o lixo que entopem ralos e bueiros, causando alagamentos e bolsões d'água.
Para fazer a limpeza, a empresa é obrigada a utilizar equipamentos que não fazem parte da rotina, o que demanda tempo e consome recursos e pessoal que poderiam ser melhores utilizados. Entre as soluções destacadas, estão a conscientização da população, da implantação de ecopontos e caixas compactadoras nas áreas mais críticas, colocação de jardins em áreas degradadas e trabalho de fiscalização.
Ao DIA, Jorge Arraes, presidente da companhia, revela que há projetos sendo desenvolvidos para o futuro, a curto e médio prazos. Todos eles irão ajudar no combate ao acúmulo de lixo e descarte irregular de entulhos. A ideia é engajar a Comlurb na chamada economia circular, um conceito de sustentabilidade.
"Pensando no lixo como um ativo e algo que tem um valor agregado, o que a gente está trabalhando são projetos de forma objetiva e sustentável. Por exemplo, uma unidade de triagem de lixo orgânico para reaproveitamento, seja para geração de energia ou biometano. Sobre o descarte irregular de entulhos, outro problema grave na cidade, estamos com dois projetos: um é o nosso aterro de inertes, que está em obra em Gericinó para onde a Comlurb pretende direcionar a entrega dos resíduos de construção civil. Além disso, há a ampliação do número de ecopontos. Temos 64 e a ideia é dobrar até o final do ano", explica.
A Comlurb tem sede na Tijuca, na Zona Norte, e conta com mais de 100 unidades operacionais em todos os bairros do Rio. Dos mais de 19 mil funcionários, 1.242 são empregados caracterizados como Pessoas com Deficiências (PCDs). Para Arraes, os garis são a base da empresa.
"Não existe a companhia sem os nossos funcionários. Os garis são o pessoal que está na rua dando resposta imediata nos eventos e no cotidiano. É uma área dedicada, que veste a camisa. Sem eles não adianta nada a gente ter bons projetos e equipamentos modernos. Sem eles não conseguiríamos alcançar e tratar cerca de 8 mil toneladas por dia. Eles são a base da companhia."
Na frota, são 1.115 veículos e equipamentos, sendo 550 veículos pesados, 248 equipamentos como varredeiras de pequeno e médio portes, tratores de comunidade, tratores de limpeza de praia, nove embarcações, 55 veículos para transporte de pessoal, 33 veículos para revitalização de praças e parques e 220 utilitários.
Há milhares de equipamentos manuais e elétricos portáteis, entre eles, roçadeiras, Giro-Zero (para o corte de mato em áreas mais íngremes), robôs roçadores, sopradores, papeleiras para o depósito de pequenos resíduos e diversos portes de contêineres e caixas metálicas.
Serviços
A Companhia promove diversos serviços, entre os quais, coleta domiciliar, coleta seletiva, varrição das ruas, limpeza de praias, praças e parques, coleta nas sete ilhas da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, com catamarã, limpeza dos espelhos d´água da Lagoa Rodrigo de Freitas e do Museu do Amanhã, limpeza de encostas com garis alpinistas, limpeza de hospitais e escolas municipais, podas de árvores, controle de vetores, pesquisas gravimétricas do lixo, remoção gratuita de entulho e bens inservíveis, reparo em brinquedos e revitalização de praças, entre outros.
No Mês do Trabalhador, a Comlurb comemora o Dia do Gari e 50 anos de existência
Maio é o mês do Trabalhador. Por si só isso já seria motivo de comemoração na Comlurb, que conta com uma das categorias mais respeitadas pela população carioca, os garis. Mas temos muito mais a celebrar este mês: hoje, dia 15, a Comlurb completa 50 anos de existência, e amanhã comemoramos o Dia do Gari. Não há como separar a história da maior companhia de limpeza urbana da América Latina da dos garis. A categoria é tão especial que a denominação gari, como são conhecidos os trabalhadores da limpeza urbana Brasil afora, surgiu no Rio. Foi aqui que viveu o francês Pedro Aleixo Gary, na década de 1870, fundador da primeira empresa responsável pela limpeza das ruas da cidade. Os garis estão em toda parte. Faça chuva ou faça sol, estão coletando lixo, varrendo ruas, roçando mato, limpando praias, escolas e hospitais, removendo pichações, fazendo poda de árvores, trabalhando em túneis e, até, atuando como alpinistas, pendurados em cordas limpando encostas de comunidades. Se chover, o trabalho é dobrado. Os garis estarão lá tirando lama, desobstruindo caixas de ralo, removendo galhos de árvores, ajudando a cidade a retomar à normalidade.
E eles fazem isso tão bem que em duas ocasiões amenizaram o sofrimento das vítimas de eventos desse tipo fora da cidade. Em 2011, trabalharam na retirada de escombros e lama em Nova Friburgo, por ocasião das fortes chuvas que atingiram a região serrana do Rio e deixaram um saldo de mais de 900 mortos. Mais recentemente, em 2022, os garis estiveram na cidade de Petrópolis, em dois fins de semana, para ajudar na remoção de resíduos remanescentes do forte temporal que caiu na cidade e deixou mais de 200 mortos.
Nossos garis estão presentes nas ocasiões tristes, mas também nas felizes. É assim todos os anos, depois da festa de Réveillon, em Copacabana, que reúne milhões de pessoas, e quando surgem os primeiros raios de claridade, turistas e cariocas já encontram tudo limpo, graças à rapidez, eficiência e expertise dos garis. No Carnaval, sejanos blocos de rua ou no Sambódromo, a lógica é a mesma.
Desde o primeiro grande evento, a Rio -92, quando os garis realizaram de forma pioneira a separação do lixo reciclável no Riocentro, nada acontece na cidade que não conte com a Comlurb. A Companhia atuou nos Jogos Panamericanos, em 2007, Jogos Mundiais Militares, em 2011, Jornada Mundial da Juventude, em 2013, Copa do Mundo, em 2014, Olimpíadas e Paraolimpíadas, em 2016.
E voltando à magia do mês de maio, os garis atuaram nesse mesmo período do ano passado no show da Madonna, em Copacabana, e este ano no da Lady Gaga, com um planejamento de limpeza que envolveu diretamente mais de 1.600 garis na operação, que só terminou com o raiar do dia, já na manhã do dia 4. Viva os garis e viva os demais empregados, gestores, lideranças eadministrativos, que ajudam a construir essa história emblemática na cidade, com planejamento e suporte para que os garis desenvolvam melhor seu trabalho nas ruas.
Comlurb comemora 50 anos de dedicação à cidade
A Comlurb comemora hoje 50 anos, com uma homenagem aos seus 19 mil funcionários. Um evento no Palácio da Cidade, pela manhã, vai reunir os trabalhadores mais antigos da companhia, que receberão placas comemorativas. A solenidade, também alusiva ao Dia do Gari, celebrado amanhã, dará protagonismo a quem bota a mão na massa: garis apresentarão textos de sua autoria e, até, uma composição musical, o Samba dos 50 Anos.
Para marcar o cinquentenário da maior companhia de limpeza urbana da América Latina, alguns pontos importantes da cidade estão desde ontem ganhando iluminação laranja, marca registrada da empresa. A programação inclui a exposição “Expo Gari 205 - Além da vassoura, a Magia da Arte” – com foco na sustentabilidade –, no Galpão das Artes Urbanas da Comlurb, na Gávea. E, no dia 1º de junho, será realizada a Edição Especial da Corrida e Caminhada Bora Correr - 50 anos, na Praia de Copacabana.
A COMLURB EM NÚMEROS
- A companhia conta com 19 mil funcionários, dos quais 13 mil são garis;
- Cerca de 9 mil toneladas de resíduos são removidas das ruas diariamente;
- Fazem parte da frota 1.115 veículos e equipamentos;
- Em 2024, foram feitos 172.678 manejos de árvores, incluindo podas e remoção;
- Foram revitalizados 2.200 parques e praças em 2024 em toda a cidade;
- Em 2024, mais de 650 mil ralos foram limpos.
quarta-feira, 14 de maio de 2025
Maior empresa de limpeza urbana da América Latina, a Comlurb completa 50 anos
Fundada no dia 15 de maio de 1975, Companhia Municipal de Limpeza Urbana tem prfunda história com a cidade do Rio e com a palavra 'gari'
Por Felipe Lucena -13 de maio de 2025
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Foto: Rio Antigo Memórias/ reprodução |
Na quinta-feira desta semana, dia 15/05, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) completa 50 anos. Criada em 1975, a empresa tem profunda história com a cidade do Rio e com a palavra ‘gari’.
A maior organização de limpeza pública na América Latina resulta da transformação da CELURB – Companhia Estadual de Limpeza Urbana, conforme os termos do decreto-lei Nº 102 – de 15 de maio de 1975, no contexto do fim do estado da Guanabara.
Um outro decreto, bem anterior e imperial, (mais precisamente de 1830) determinava a retirada do lixo das ruas do Rio de Janeiro, o que na época era um grande problema. Quarenta e sete anos depois, um empresário francês entrou em cena.
Aleixo Gary criou a Aleixo Gary e Cia, uma companhia de limpeza que foi contratada para efetuar o serviço de limpeza urbana do Rio de Janeiro em 11 de outubro de 1876. O contrato valeu até 1891. O trabalho da empresa de Gary foi tão considerado que os trabalhadores desta área passaram a ser conhecidos popularmente em todo o Brasil como garis.
“Um ano depois, a empresa foi encerrada, dando lugar à Gestão de Limpeza Pública e Privada da Cidade, que previa uma limpeza pública de qualidade inferior ao da anterior. Tendo crescido acostumado a ver as ruas limpas depois que os cavalos passarem, moradores insatisfeitos continuavam ligando para o ‘Times dos Gary’s’ … e o nome gradualmente alterado para “Gari” e usado, até hoje”, destaca um texto da página Brasil Imperial, no Facebook.
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Gari da Comlurb atuando no Sambódromo no Carnaval 2024 – Foto: Comlurb/Divulgação |
Em 2015 foi lançado o documentário “Comlurb 40 anos – uma memória da limpeza urbana”, que conta a história das quatro décadas da empresa. O filme traz depoimentos de funcionários de diferentes áreas, de ex-presidentes da empresa e do prefeito Eduardo Paes.
A Companhia faz 50 anos neste dia 15 de maio e no dia seguinte, 16 de maio, é comemorado o Dia do Gari. Muitos motivos para celebrar.
Felipe Lucena
http://malditaid.blogspot.com.br/2018/01/meus-links_31.html
Felipe Lucena é jornalista, roteirista, redator, escritor, cronista. Filho de nordestinos, nasceu e foi criado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em Curicica. Sempre foi (e pretende continuar sendo) um assíduo frequentador das mais diversas regiões da cidade do Rio de Janeiro.
Compostagem de biorresíduos: uma revolução necessária
Os usos são múltiplos: desde abastecimento de frotas da própria coleta urbana ou injeção de gás no sistema gerador de eletricidade
Desde que os humanos nos organizamos em cidades, a disposição dos resíduos tem sido um grande desafio civilizatório. Em seu essencial livro “Lixo, vanitas e morte: considerações de um observador de resíduos (2003)”, Emílio Maciel Eigenheer descortina a sempre complicada e dura relação de nossa espécie com o “inservível”. O assunto está, pois, prenhe de tabus, interdições e preconceitos – tudo intimamente conectado ao drama humano relativo à morte. Falar de resíduos constrange, inibe. Não queremos versar sobre a finitude. Mas há alguns caminhos que sugerem horizontes possíveis menos danosos ao ambiente e à coletividade. Prática bastante difundida em alguns países europeus – como Alemanha, Áustria, Itália – a recuperação dos biorresíduos (restos de podas de árvores e jardinagem ou de alimentos) precisa ser destravada no Brasil.
O conceito é a redução ao máximo da disposição final do lixo nosso do dia-a-dia em aterros sanitários (medida mais do que urgente quando o assunto é a sustentabilidade), aliada a um ganho de energia. Na Áustria, 40% de todos os resíduos voltam para a terra, em forma de adubo. Há 13 anos a Itália pisa no acelerador em processos de transformação de seus biorresíduos em fertilizantes, biogás e biometano. Portugal desde 2020 tem lei específica que obriga a coleta seletiva dos orgânicos pelos municípios. Os usos são múltiplos: desde abastecimento de frotas da própria coleta urbana ou injeção de gás no sistema gerador de eletricidade. O que seria desperdiçado – num processo gerador de gases do efeito estufa – passa a ser aproveitado. A tal circularidade, tão desejada. Golaço.
Talvez nossa sociedade ainda não esteja pronta para para fazer a separação dos resíduos orgânicos em casa, muito menos para a compostagem doméstica ou comunitária. Vivemos em clima tropical, e o acondicionamento de restos de comida em apartamentos pode enfrentar dificuldades diversas. Nas escolas, a educação ambiental ainda é peça de ficção, ou está muito distante do ideal. Entretanto, nada pode explicar os índices praticamente inexistentes de compostagem em todo o país, a não ser uma extrema letargia de empresas, governos e sociedades.
Metade da geração diária de lixo domiciliar na cidade do Rio (3,5 mil das 7 mil toneladas) é composta de biorresíduos. Na usina do Caju, a Comlurb pratica a compostagem há anos. O problema é que a quantidade é ainda irrisória (150 toneladas por mês, o que representa 0,14% da fração orgânica gerada – o patamar já foi mais alto). São saudáveis e incríveis as iniciativas como a das empresas Ciclo Orgânico e Casca, com assinaturas mensais para quem separar os biorresíudos em baldinhos. Mas apostar na compostagem como política pública é uma revolução necessária. Precisamos começar imediatamente.
Emanuel Alencar
Jornalista e mestre em Engenharia Ambiental. É autor dos livros "Baía de Guanabara - Descaso e Resistência" (2016) e "Histórias do mangue da Guanabara" (2024). Faz parte da ONG Grupo Ação Ecológica (GAE) e do conselho consultivo do Bosque da Barra.
quinta-feira, 8 de maio de 2025
Comlurb apresenta frota de caminhões de coleta na Zona Oeste com marca 50 anos
A Comlurb apresentou, nesta quarta-feira (7/5), em Campo Grande, mais uma parte da nova frota de caminhões de coleta que vai atender a Zona Oeste. Os veículos estão adesivados com a marca comemorativa dos 50 anos da Companhia, que serão celebrados no próximo dia 15. Foi entregue o primeiro lote de 40 caminhões de um total de 82. Os veículos vão realizar a coleta em Senador Vasconcelos, Santa Cruz, Pedra de Guaratiba, Paciência, Cosmos, Ilha de Guaratiba, Barra de Guaratiba e Urucânia.
Os novos caminhões seguem o padrão dos últimos contratos, com implementos para remoção dos novos contêineres de 1.200 litros que foram instalados próximo a comunidades e em condomínios populares do tipo Minha Casa, Minha Vida. A Zona Oeste já recebeu 2.194 contêineres de 1.200 litros, sendo 1.379 híbridos, mais leves, e 815 metálicos.
terça-feira, 25 de março de 2025
Ecoparque do Caju da Comlurb é destaque em conferência internacional sobre clima
Ecoparque do Caju da Comlurb é destaque em conferência internacional sobre clima
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O Banco de Alimentos funciona no antigo refeitório do Ecoparque, que foi totalmente reformado para o projeto - Divulgação |
O Ecoparque do Caju, da Comlurb, foi destaque da Conferência Internacional sobre Clima e Ar Limpo 2025, organizada pela ONU. O projeto participou da sessão “Breakthrough Ambitions in Organic Waste”, sendo um modelo de gestão inspirador para outros países. O evento foi realizado em Brasília e contou com diversas autoridades brasileiras e estrangeiras. Os projetos apresentados são exemplos de bom uso de recursos financeiros, de fundos nacionais e internacionais, para a implantação de tecnologias de baixo carbono e alto impacto social.
Dentro do Ecoparque do Caju, a Comlurb promove diversas ações de cunho ecológico, como a operação de uma Unidade de Biometanização, que transforma resíduos orgânicos em biogás e energia elétrica e abastece uma estação de recarga de carros elétricos da companhia. Além disso, no local é realizado um moderno processo de produção e beneficiamento de composto orgânico, insumo que fomenta a Agricultura Urbana no município. O ecoparque também possui um robusto equipamento de Processamento Mecânico de Resíduos de Poda, que produz cavaco de madeira para compostagem e para reaproveitamento energético na indústria cerâmica.
Outra iniciativa de destaque é o Banco de Alimentos, que contribui para a redução do desperdício de alimentos e promoção da segurança alimentar, já que doa o excesso não comercializado em lojas do supermercado Zona Sul, mas em ótimas condições nutricionais de consumo, para famílias em situação de vulnerabilidade social que vivem no bairro do Caju, uma das regiões com menor índice de desenvolvimento humano do Rio.
Os projetos do Ecoparque, apresentados em um stand pelo coordenador de Projetos da Comlurb, Bernardo Ornelas, demonstraram como uma gestão mais sustentável, circular e transversal dos resíduos orgânicos pode ser implementada nos municípios, associando a ação climática à promoção da segurança alimentar, agricultura urbana, geração de energia limpa e melhoria da saúde pública.
O coordenador de Sustentabilidade da Companhia, Marcelo Sicri, também fez uma apresentação na conferência, quando anunciou a adesão do Rio de Janeiro à iniciativa Lowering Organic Whaste Methane (LOW-M), que visa reduzir, em cidades estratégicas, as emissões de metano no setor de resíduos orgânicos. O profissional destacou a Comlurb como protagonista nesta meta, por meio da substituição de parte da frota diesel por caminhões movidos com o biometano produzido no Centro de Tratamento de Resíduos CTR- Rio, em Seropédica, e também pelo trabalho de compostagem da Companhia, essencial para o desenvolvimento da agricultura urbana e combate à insegurança alimentar.
– Participar de um evento deste porte é muito importante para dar visibilidade às ações da Comlurb, que vão além da limpeza urbana e também porque possibilita atrair investimentos para novos projetos – pontuou.
domingo, 23 de março de 2025
Em dois anos, país aumenta reciclagem de embalagens PET em 14%
Mesmo assim, reciclagem ainda está abaixo do potencial
Bruno Bocchini - repórter da Agência Brasil
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Brasília (DF), 24/03/2025 - Centro de reciclagem de garrafa pet. Foto: Edmar Chaperman/Funasa© Edmar Chaperman/Funasa |
O Brasil reciclou 410 mil toneladas de embalagens PET em 2024, montante 14% superior às 359 mil toneladas recicladas 2022, segundo a 13ª edição do Censo da Reciclagem do PET no Brasil, divulgado nesta segunda-feira (24) pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet).
Apesar do resultado positivo, a entidade ressalvou que a falta de políticas públicas de coleta seletiva dificulta a destinação correta das embalagens descartadas pelos consumidores, o que está gerando ociosidade no setor.
“As empresas recicladoras chegam a atuar com uma ociosidade média de 23%, chegando a picos de até 40%”, destaca o presidente da Abipet, Auri Marçon. “Com isso, a indústria de reciclagem do PET está chegando no seu limite, por não ter a matéria-prima necessária para seus processos produtivos, ao mesmo tempo em que toneladas de embalagens são destinadas aos aterros comuns ou descartadas incorretamente no meio ambiente”, acrescenta.
Destino das PETs recicladas
De acordo com o censo, em 2024, o principal destino da resina reciclada das PETs – 37% do total – foi a fabricação de uma nova embalagem, utilizada principalmente pela indústria de água, refrigerantes, energéticos e outras bebidas não alcoólicas. O setor têxtil vem em segundo lugar, com um consumo de 24% da resina reciclada, seguido pela indústria química (13%), lâminas e chapas (13%), e fitas de arquear, utilizadas em empacotamento e fechamento de caixas (10%).
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Comlurb alcança nível Aprimorado no Índice de Adequação à LGPD
Nossa Companhia tem o orgulho de compartilhar que, após avaliação realizada pela Secretaria Municipal de Integridade, Transparência e Proteção de Dados (SMIT), alcançamos a nota 0,8676 no Índice de Avaliação da Adequação dos Órgãos e Entidades do Município do Rio de Janeiro à Lei Geral de Proteção de Dados (IAALGPD). Esta nota nos posiciona no nível Aprimorado do índice, superando a média da Prefeitura, que foi de 0,4395.
Segundo o relatório final, a SMIT destacou que: “A Comlurb possui uma maturidade institucional impressionante, alcançando maturidade aprimorada. Já avançado em aspectos bastante significativos da governança em proteção de dados pessoais e da privacidade”. Este reconhecimento reflete o nosso compromisso com a governança e com a proteção dos dados pessoais, um tema cada vez mais essencial para o nosso tempo.
Agradecemos aos empregados que contribuíram para esse resultado. E reafirmamos o nosso empenho em aprimorar nossas práticas, garantindo segurança e privacidade em todas as nossas operações.
Parabéns, equipe Comlurb!
Prefeitura entrega 64 novos caminhões sustentáveis para a frota da Comlurb na Zona Norte
Ação foi antecipada em um mês e completa a previsão de 160 veículos para atender a Zona Norte - Divulgação
A Prefeitura do Rio entregou, nesta quinta-feira (30/1), 64 novos caminhões com tecnologia sustentável à frota da Comlurb na Zona Norte da cidade. A entrega foi antecipada em um mês e, com isso, a companhia de limpeza urbana completa 160 veículos para atuar no atendimento da coleta domiciliar e remoção de lixo público nos bairros da região.
Os novos caminhões seguem a norma de sustentabilidade Euro 6, protocolo que estabelece limites para a emissão de poluentes por veículos a diesel. A frota da Comlurb já segue essa regra desde 2024 com os caminhões emitindo em média 80% menos partículas poluentes em comparação aos anteriores.
– A gente vem fazendo um esforço muito grande de renovação da frota da Comlurb. Estávamos com uma frota antiga na Zona Norte, essa é a segunda parte da região que pega muito dos bairros que fazem fronteira com a Baixada Fluminense, uma área muito importante da cidade. Agora pedimos a colaboração da população porque custa caro e o que paga é o imposto das pessoas. Se tivermos mais civilidade a Prefeitura vai economizar, pelo menos, R$ 300 milhões por ano, um dinheiro que pode ir para a Saúde e para a Educação – afirmou o prefeito Eduardo Paes, durante o evento de apresentação dos novos caminhões no Parque Radical de Deodoro.
A renovação da frota da Comlurb na Zona Norte começou em 12 de janeiro. Agora, a leva de 64 veículos entregues completa o processo. Dos caminhões incorporados à companhia, 21 são compactadores, destinados ao serviço de coleta domiciliar; 20 são basculantes, para remoção de lixo público; 11 são minibasculantes, para operações em áreas de difícil acesso, como ruas estreitas e becos, especialmente em comunidades; sete são poliguindastes, para recolher resíduos de caixas de entulho; e cinco são pipas d´água, para lavagem de logradouros e limpeza de ruas após feiras livres e eventos.
Os veículos serão utilizados nos serviços da Comlurb em Vigário Geral, Honório Gurgel, Engenho da Rainha, Complexo do Alemão, Cordovil, Jardim América, Costa Barros, Pavuna, Fazenda Botafogo, Coelho Neto, Ricardo se Albuquerque, Anchieta, Complexo do Chapadão, entre outros.
Os veículos e equipamentos vão otimizar e dar um melhor ordenamento à coleta, garantindo mais eficiência e qualidade nos serviços da Companhia. Uma vantagem da nova frota é que todos os caminhões, inclusive os menores que trafegam em comunidades, possuem dispositivos para basculamento automático dos contêineres de 1.200 litros, o que torna a remoção do lixo mais rápida e eficiente.
– No início de janeiro entregamos a primeira leva e agora a segunda leva. Estamos entregando hoje veículos diferenciados. É uma frota nova, ambientalmente correta, pois polui cinco vezes menos do que a frota anterior. A eficiência e a produtividade, com certeza, vão aumentar. É uma nova vida de coleta na Zona Norte – disse o presidente da Comlurb, Jorge Arraes.
Mais equipamentos para a Zona Norte
Além da nova frota, a Zona Norte vai receber no total quase 8 mil contêineres de 1.200 litros, caixas compactadoras e caixas metálicas para deposição de resíduos. Contêineres e caixas serão instalados principalmente nas comunidades.
A região também recebeu 210 novas roçadeiras de alta tecnologia para o corte de mato e grama na cidade. Além de agilizar e tornar mais eficientes esses serviços, os equipamentos são mais leves, produzem menos ruídos, e contam com dispositivo que ameniza os efeitos dos esforços repetitivos na operação, garantindo mais conforto, saúde e qualidade de vida ao gari. São também mais ambientalmente sustentáveis, consumindo menos combustíveis e emitindo menos gases poluentes.
domingo, 26 de janeiro de 2025
Paes cobra pessoalmente homem sobre descarte irregular de lixo e entulho na Zona Oeste do Rio
Prefeito esteve em Jacarepaguá, onde mora o rapaz, explicando que seu trabalho estava sendo realizado de forma ilegal; não houve multa
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Eduardo Paes conversando com homem sobre descarte irregular de lixo e entulho no Rio de Janeiro - Foto: Reprodução/Internet |
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, publicou um vídeo em suas redes sociais, neste domingo (26/01), cobrando pessoalmente um cidadão sobre descarte irregular de lixo e entulho na cidade.
No vídeo, que é o episódio 2 do quadro ”Civilidade com Dudu”, criado pela Prefeitura para ensinar a população carioca sobre atitudes a serem tomadas respeitando a legislação municipal, Paes vai à casa do homem, na região de Jacarepaguá, Zona Oeste, e informa a ele que seu trabalho de remoção de lixo e entulho está sendo realizado de forma ilegal, uma vez que o descarte ocorre em áreas proibidas para tal. O prefeito destacou que, no site oficial da Comlurb e também pelo número 1746, são informados os locais liberados para o ato.
Segundo Eduardo Paes, a Prefeitura do Rio gasta cerca de R$ 24 milhões por mês para reparar os descartes irregulares na capital fluminense, o que dá quase R$ 300 milhões anuais. Com esse dinheiro, de acordo com o prefeito, seria possível construir 30 escolas ou 60 Clínicas da Família, por exemplo.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
DIRETORIA DE COMPLIANCE - Retrospectiva 2021/2024
A impermanência é um dos princípios mais profundos e belos do budismo. Ela nos ensina que tudo o que existe está em constante transformação e que a verdadeira força reside na nossa capacidade de aceitar o fluxo da vida, adaptando-nos com coragem e serenidade às mudanças inevitáveis. Hoje, com este artigo, nos despedimos da Diretoria de Compliance da Comlurb no formato que ela é hoje, mas não do legado que construímos juntos.
A DCO foi muito mais do que uma estrutura administrativa ou um conjunto de normativas. Ela foi a manifestação viva do compromisso da Comlurb com a integridade e a transparência. A essência da nossa missão transcende a Diretoria e deve pulsar em cada profissional da Companhia, em cada norma aprimorada, em cada ato de governança responsável.
Ao longo dos anos, a DCO se tornou um exemplo de como valores sólidos podem guiar ações concretas. Projetos como o fortalecimento da apuração de denúncias, as ações de compliance trabalhista, a interação profissional com os órgãos de controle, o desenvolvimento de sistemas digitais seguros, incluindo a proteção de dados pessoais, as normativas bem redigidas, e os treinamentos realizados para milhares de empregados refletem um trabalho dedicado e inspirador reconhecido pelo diagnóstico de maturidade em integridade pública da Prefeitura.
Como ensina o budismo, o apego a estruturas e títulos pode limitar nossa capacidade de evolução. A DCO, enquanto Diretoria, cede seu espaço para novos formatos e desafios, mas sua essência continua viva. Em cada setor da Comlurb, o aprendizado e as conquistas desta trajetória permanecem como sementes prontas para florescerem sob novas condições.
Gostaria de relembrar as palavras do filósofo Heráclito: "Tudo flui". Essa é a natureza do tempo e das organizações. O que parecia permanente é, na verdade, uma parte do grande fluxo da transformação. Assim, devemos olhar para esta transição não com pesar, mas com a gratidão de quem reconhece a oportunidade de algo novo emergir.
Que os ensinamentos de impermanência e desapego guiem nossa caminhada como instituição. Que possamos encarar este momento como uma renovação, acolhendo o futuro com coragem e serenidade. Acredito que o legado da Diretoria de Compliance é um alicerce firme, e cabe a todos nós continuar construindo, com ética e integridade, a história da Comlurb.
Com profunda gratidão
Gustavo Puppi, Diretor de Compliance
Panorama DCO 2021 a 2024 by Gustavo Puppi on Scribd
quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Coleta seletiva: Rio recicla apenas 0,5% do lixo reciclável que produz
Opinião
O discurso de ampliação da coleta seletiva com recursos públicos apresenta fragilidades significativas quando analisado sob o conceito de logística reversa e a ideia de que a reciclagem deve ser financiada e operada prioritariamente pela iniciativa privada. O modelo atual transfere ao setor público a maior parte dos custos operacionais, enquanto as cooperativas lidam com materiais insuficientes ou de baixa qualidade para gerar renda sustentável, agravando a precariedade do sistema.
A reciclagem não é apenas uma questão de coleta seletiva, mas um mercado de commodities com grande potencial econômico. No entanto, ao negligenciar a participação obrigatória de fabricantes e importadores no financiamento e gestão dos resíduos gerados, o sistema atual falha em criar incentivos para a utilização de materiais reciclados pela indústria e para a sustentabilidade de toda a cadeia de valor. A logística reversa propõe a internalização dos custos ambientais pelas empresas, garantindo que a reciclagem seja financiada por quem coloca os produtos no mercado.
A profissionalização dos catadores é fundamental para transformar o sistema. Eles devem ser vistos como parceiros estratégicos da iniciativa privada, integrados a um modelo de negócios em que participem da coleta e triagem como empreendedores e agentes produtivos. Esse modelo elimina a dependência de subsídios governamentais, promovendo maior autonomia financeira e eficiência operacional. Empresas, por sua vez, poderiam contratar cooperativas para executar atividades dentro da cadeia logística reversa, garantindo remuneração justa e estabilidade.
Portanto, expandir a coleta seletiva sem reavaliar sua estrutura perpetua um sistema caro e ineficiente. É essencial que a iniciativa privada assuma seu papel, financiando a reciclagem, enquanto os catadores evoluem para uma posição de parceiros autossuficientes, possibilitando um sistema sustentável, inovador e alinhado às melhores práticas ambientais.
Segundo Comlurb, a quantidade de recicláveis que chega às cooperativas é muito pequena, são apenas 1.500 toneladas por mês. Apesar dos 21 anos de existência da coleta seletiva de recicláveis no Rio de Janeiro, o serviço ainda é invisível para boa parte da população.
Por Anita Prado, André Trigueiro, RJ2
A cidade do Rio de Janeiro recicla apenas 0,5% de todo o lixo misturado que o município envia por mês para o aterro sanitário de Seropédica, Baixada Fluminense. Segundo Comlurb, a quantidade de recicláveis que chega às cooperativas é muito pequena, são apenas 1.500 toneladas por mês.
Apesar dos 21 anos de existência da coleta seletiva de recicláveis no Rio de Janeiro, o serviço ainda é invisível para boa parte da população. O serviço prestado pela Comlurb é alvo de muita desconfiança.
A frota da coleta seletiva da Companhia Comlurb conta com apenas 16 caminhões para a cidade inteira, que circulam com aproximadamente 30% de espaço ocioso.
Os caminhões azuis que fazem a coleta seletiva podem misturar sem problemas papel, papelão, vidro, plásticos e metais. Misturar o chamado lixo seco não causa nenhum prejuízo à reciclagem. Só não pode misturar os recicláveis com o lixo orgânico, que são os restos de comida.
“Mistura todo o reciclável não é misturar tudo orgânico. Então cuidado, pode parecer que a gente vai lá com o caminhão azul e mistura o orgânico e reciclável, não é”, explica Edison San Romã, coordenador da coleta seletiva da Comlurb.
Entretanto, o RJ2 entrevistou muita gente que não acredita que os caminhões da coleta seletiva levem os recicláveis para o lugar certo.
“Acho que colocam tudo e vai para o aterro sanitário, algo do tipo. Se você não sabe para onde vai, porque você vai fazer na sua casa, se no final não vai ser correspondido teu trabalho em casa”, questiona Thiago Roldão.
“Não sei onde deixam tudo separado porque é lixo, é muito lixo”, diz Anete Braga.
“Você acha que eles separam isso tudo? Claro que não! Claro que não separam. Vai tudo para o lixão comum como sempre vai”, conta Frederico Costa.
“Acho que vai tudo para o mesmo lugar, por mais que a gente separe em casa”, diz Mateus Cabral
Para confirmar o caminho que fazem os materiais recicláveis recolhidos pelo caminhão azul, o RJ2 instalou um rastreador em materiais recicláveis coletados numa Rua do Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, e acompanhou o deslocamento do caminhão azul sem que a Comlurb soubesse.
O veículo seguiu direto até a Rua Matapi, no Jacaré, Zona Norte do Rio, onde fica uma das cooperativas de catadores que participam do projeto.
“Tem a roteirização de todos esses caminhões, então todos os caminhões saem para um roteiro determinado e, no final, a gente também tem determinado qual é a cooperativa que eles vão levar através de um sistema de monitoramento de todos os caminhões via satélite.
A quantidade do material reciclável que chega às cooperativas mal dá para garantir a renda dos catadores, dizem os coordenadores das cooperativas.
“O material vem, mas meio vazio. A gente precisa mais rotatividade, mais caminhões dentro da população do Rio de Janeiro para fazer essa coleta seletiva e chegar até mesmo às cooperativas. Falta muita campanha mesmo para fazer essa separação e seleção para que chegue material de fato nas cooperativas”, explica Ana Carla Nistaldo, diretora financeira da cooperativa Coopideal.
Um dos diretores da cooperativa Copam, Luiz Carlos Fernandes, diz que a Comlurb precisa aumentar a frota.
“Acho que a Comlurb precisa aumentar a frota de caminhões porque já tivemos número muito maior de pessoas trabalhando e a gente teve que reduzir devido a quantidade de material que chega. O número de resíduos reduziu bastante”.
“A gente tem que dar nosso jeito para correr atras de material. Falta uma conscientização das pessoas sobre a reciclagem. Muitas pessoas não entendem e acabam jogando o material no rejeito. São muitas bandejas de ovo, que é pet, mas não é reciclável, bandeja de uva, esponja, muita embalagem aluminada por dentro. Nada disso é reciclável e gera uma grande quantidade de rejeito na cooperativa. Fica difícil para a gente que depende desse material”, diz Adilson Farias da Silva, representante da triagem da Copam.
“Aqui somos 22 famílias nesse espaço aqui, que depende desse material para viver. A gente depende que esse material seja separado em casa”, disse Luiz Carlos Fernandes.
A diretora da Coopideal fala sobre os catadores.
“São catadores que vieram do antigo lixão de Gramacho, que hoje estão aqui nessa luta pelejando pra que chegue material na cooperativa, pra que eles possam levar seu sustento pra dentro de casa”.
Sem campanhas públicas de estímulo à reciclagem, os interessados em participar da coleta seletiva têm que procurar informações por conta própria no site da Comlurb, onde há um espaço para saber se a rua onde mora está na rota dos 117 bairros cobertos pelo projeto.
Oficialmente, a Prefeitura do Rio estima que a coleta seletiva garanta a separação de pelo menos 10% dos recicláveis. Mas nem o prefeito acredita nesse número. Eduardo Paes falou sobre isso há menos de um mês. Pela quarta vez prefeito da cidade, Paes ainda não encontrou um caminho para popularizar a coleta seletiva.
“A sensação que a gente tem é de muito mais baixo do que isso. Portanto, acho que a gente tem que querer ousar nisso. Avançar, mas não é aquele padrão, não acho que tenha que ser o padrão. Não vamos conseguir trazer o padrão europeu pra cá. Separação em casa, colaboração da população, a gente vai ter que olhar um pouco para nossa realidade e eventualmente a gente pode disparar esse número”, fala o prefeito do Rio.
O diretor da Comlurb (?), Thales Malta, afirma que a solução está na educação de base.
“A gente não vê isso no dia a dia, não vê propaganda, não vê de certa forma de que isso vai funcionar e vai gerar resultado positivo para a sociedade pra no dia a dia. Se a gente tiver na base das crianças uma educação voltada para isso e de alguma forma. Atingir pais e mais velhos em ter consciência de separar resíduo reciclável, isso leva tempo, até haver mudança de cultura. Mas acho que é caminho fundamental. Trabalhei 16 anos da minha vida dentro do lixão e é um sonho que o Rio realmente de fato, com tantas cooperativas que tem município grande, tenha coleta seletiva de verdade. Que tenha caminhões e mais caminhões chegando nas cooperativas, toneladas de materiais recicláveis, dando sustentabilidade a nós catadores”.
A Comlurb disse ao RJ2 que o serviço de coleta seletiva conta com divulgação constante pra população da cidade em feiras livres, praças e pontos de grande movimentação de pessoas, todos os fins de semana. E que além disso, são realizadas campanhas nas redes sociais.
domingo, 5 de janeiro de 2025
Papeleiras onde são necessárias!!!!
Não há absolutamente qualquer fluxo de pedestres nessa esquina. A papeleira nunca será usada! Está lá provavelmente porque o "manual" diz para ter papeleiras em cruzamentos
Um passeio pela cidade demonstra exemplos de locais onde as papeleiras existentes são totalmente desnecessárias, onde as papeleiras são insuficientes, onde atrapalham a circulação, onde são repedidas vezes depredadas, onde ficam em desarmonia com o espaço público, e, graças aos céus, locais onde estão muito bem posicionadas cumprindo sua função operacional e educacional.
1) Logradouros residenciais não devem ter papeleiras. Em um logradouro com baixa frequencia de varrição existe o risco de encontra inagens com esta onde a papeleira se transforma em ponto de disposição de lixo domiciliar fora do dia e horário de coleta:
5) Padronização das papeleiras é vantajoso para a aquisição e manutenção, no entanto, alguma atenção deve ser dada para tipos diferenciados. Papeleiras mais resistentes em locais onde pode haver maior incidência de depredação tais como saída e acessos de estádios. Papeleiras mais elaboradas esteticamente para as maiores atrações turísticas. Até mesmo papeleiras temáticas como áreas de saída de praia ou shows.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2025
Os números do Reveillon
Opinião
A operação de limpeza do réveillon de 2024 registrou o maior volume de resíduos já divulgado, com 980 toneladas coletadas, sendo 508 em Copacabana. Apesar do avanço operacional, com maior efetivo de garis e mais contêineres, os dados ainda são baseados em estimativas de uma tabela antiga que calcula o peso pelo volume transportado nos caminhões, sem pesagem real. Essa metodologia limita a precisão e a confiabilidade dos resultados, que não devem ser usados como indicadores de público, civilidade ou sucesso do evento, pois refletem apenas uma estimativa grosseira.
Embora eficiente no restabelecimento da limpeza até as 10h do dia 1º, a apuração de resultados da operação carece de modernização. Recomenda-se implementar a pesagem direta dos resíduos, atualizar a tabela de estimativas e incorporar métricas complementares que abranjam aspectos operacionais e a percepção pública. Isso garantiria maior transparência e dados mais úteis para planejamento e avaliação das próximas operações.
Comlurb remove 980 toneladas de lixo no Réveillon 2025 em todos os pontos oficiais de festas na cidade
Os fogos iluminaram o céu e os garis garantiram a limpeza na virada para 2025! As equipes da DLU e DSU marcaram presença nos pontos de festa em todas as regiões da cidade, garantindo uma limpeza eficaz. Com o maior efetivo da história, os 5.000 garis recolheram 980 toneladas de resíduos, sendo 508 toneladas apenas em Copacabana. As praias da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes somaram juntas 180 toneladas. A Praia de Sepetiba contabilizou 17, 5 toneladas.
A expertise do nosso time garantiu as vias e as calçadas limpas até as 10h do primeiro dia de 2024. Em seu primeiro dia à frente da Presidência da Comlurb, Jorge Arraes deu detalhes da operação especial de limpeza.
“A nossa operação especial de limpeza foi feita em cima de um planejamento estratégico, setorizado, o que contribuiu para tornar ainda mais eficiente o trabalho dos garis. Foi muito importante o aumento do número de contêineres em toda a orla, que facilitou o descarte por parte do público, agilizou e tornou ainda mais eficiente o nosso trabalho”, afirmou Jorge Arraes.