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sábado, 30 de novembro de 2024

Panorama de Integridade e Transparência - novembro 2024

 

INTEGRIDADE: POR QUE PEQUENOS DESVIOS NÃO DEVEM SER TOLERADOS

A integridade é o pilar que sustenta a ética, exigindo coerência entre nossos valores, palavras e ações. Trata-se de um compromisso firme com a honestidade e a retidão, que transcende costumes e convenções sociais. No entanto, quando o “sempre foi assim” entra em conflito com os princípios éticos, é fundamental questionar: será que a cultura justifica pequenos desvios de conduta?

Práticas culturalmente aceitas muitas vezes comprometem a integridade de forma quase imperceptível. Situações como pequenos furtos no ambiente de trabalho, “colar” em provas ou ceder a vantagens pessoais sob a justificativa de que “todo mundo faz” são exemplos de atos que, apesar de normais para muitos, enfraquecem valores fundamentais. Outro exemplo recorrente é o hábito de Garis solicitarem a “caixinha de Natal” aos moradores. Embora muitos vejam essa prática como uma forma legítima de reconhecimento pelo trabalho, ela pode gerar constrangimento ou, em casos mais extremos, configurar uma obrigação indevida. Essa reflexão torna-se essencial para distinguir o agradecimento espontâneo de um pedido que ultrapassa os limites éticos, especialmente quando se trata de serviços públicos já remunerados.

A cultura tem um papel poderoso em moldar nossa percepção do que é certo e errado, muitas vezes justificando comportamentos antiéticos. O “jeitinho brasileiro”, por exemplo, é um reflexo de como a conveniência frequentemente prevalece sobre a integridade. Embora muitas dessas ações sejam vistas como inofensivas ou pragmáticas, elas contribuem para um ciclo de permissividade que enfraquece a confiança interpessoal e institucional.

Pequenos desvios, quando tolerados, abrem espaço para transgressões mais graves, criando uma sociedade marcada pela desconfiança e pelo desequilíbrio.

Romper com o “sempre foi assim” é um passo necessário para a construção de uma cultura ética. Isso exige mais do que apenas seguir normas ou leis; é preciso internalizar valores universais como honestidade, justiça e respeito. A verdadeira integridade se manifesta na coerência entre o que acreditamos e como agimos, mesmo quando ninguém está observando. Pequenos gestos de ética cotidiana, como devolver um troco errado, recusar vantagens indevidas ou evitar práticas culturalmente aceitas, mas eticamente questionáveis, têm um impacto transformador, pois representam a escolha consciente de rejeitar desvios e construir relações mais justas e confiáveis.

A educação e o diálogo desempenham um papel fundamental nesse processo. Somente por meio da reflexão crítica e da responsabilidade individual será possível desconstruir hábitos enraizados e promover uma sociedade mais ética e responsável. A integridade é a base para essa transformação e não deve ser flexibilizada, mesmo em situações que parecem banais.

Cada decisão ética que tomamos fortalece a confiança mútua e contribui para um futuro mais justo e próspero. Pequenos desvios de conduta, mesmo os aparentemente inofensivos, não podem ser tolerados. Construir uma cultura de integridade é uma responsabilidade coletiva, mas começa com as escolhas individuais. Não basta acreditar em valores; é preciso vivê-los em todas as esferas da vida, rejeitando desvios e agindo de acordo com princípios que promovem o bem-estar coletivo.



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