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terça-feira, 16 de maio de 2017

No Dia dos Garis, Cristo Redentor ganha iluminação laranja e Comlurb faz festa

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Se pudesse escolher, o gari Juarez Maia, de 51 anos, varreria toda a pobreza da cidade. Robson Farias, de 29, mandaria para o lixo a corrupção. Já Marcos Valério da Cunha, de 51, iria varrer de seu contracheque dois empréstimos consignados. No Dia do Gari, celebrado nesta terça-feira, o Cristo Redentor será iluminado na cor laranja, e os responsáveis pela limpeza urbana vão ganhar uma festa na Praça Mauá, a partir das 10h, com direito a apresentação do gari e passista Renato Sorriso. A comemoração, no entanto, será breve, já que os profissionais não podem deixar as ruas desamparadas.

— Geralmente a empresa dá um bolinho e a gente faz uma vaquinha para um café reforçado. Depois, mãos à obra — diverte-se Juarez, gari há 26 anos no bairro de São Cristóvão: — Alguns acham que a gente tem vergonha de usar a roupa laranja. Para mim, é motivo de orgulho. Foi com essa roupa que conquistei tudo o que tenho.

O dia a dia nas ruas traz surpresas. Algumas boas, como a que teve Jorge William Barbosa, de 47, ao encontrar um cordão de ouro enquanto varria nas proximidades da Quinta da Boa Vista. Outras traumáticas, como a que viveu Juarez, no ano de 1996.

— Cinco caminhões da Comlurb estavam subindo o Sumaré quando bandidos abriram fogo contra os carros. Todo mundo se abaixou. O nosso foi atingido por três tiros, mas ninguém ficou ferido. Foi só um susto — conta.

As experiências boas, no entanto, superam as negativas. É o que garante Sérgio Rodrigues Rogério, de 44 anos, que faz o trabalho de coleta domiciliar na Tijuca.

— O caminhão de lixo faz a alegria da criançada. Tem algumas que nos veem de longe e já começam a sorrir e acenar. São coisas que nenhum dinheiro paga — afirma.


ZOO ABERTO PARA GARIS

Em homenagem aos garis, foi montado um painel na Praça Mauá, na Zona Portuária com a mensagem “#SomosTodosGaris”. Quem passar pelo local, receberá adesivos com a frase da campanha. Na praça, serão simuladas situações do dia a dia dos garis, e as pessoas poderão tirar fotos com o uniforme e equipamento de trabalho dos profissionais. O grupo Chegando de Surpresa, da Comlurb, e o gari passista Renato Sorriso vão alegrar a festa.

Na sede da companhia, na Tijuca, 36 garis que fazem aniversário nesta terça-feira vão receber um kit de presentes de uma empresa de cosméticos, além de convites para eventos culturais cedidos pela prefeitura.

A fundação RioZoo anunciou que o Jardim Zoológico vai abrir os portões para quem apresentar crachá ou contracheque da Comlurb. O primeiro grupo que chegar terá direito ainda a um tour guiado com monitores e biólogos, e vão conhecer a mais nova atividade do RioZoo, a Falcoaria (arte de criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves de rapina para a caça).

O AquaRio ofereceu dez ingressos, que serão sorteados entre os garis. Já o Trem do Corcovado disponibilizou 20 ingressos para o fim de semana, que também serão sorteados pelo sindicato da categoria, Siemaco-Rio.

Até 1973, uniformes dos garis tinham tom cinzento
Até 1973, uniformes dos garis tinham tom cinzento Foto: Paulo Moreira/24-04-1973
VOCÊ SABIA?

Poucos sabem, mas o nome gari remonta à época do Império. Em 1885, o empresário de origem francesa Pedro Aleixo Gary foi contratado para o serviço de limpeza das praias e remoção do lixo da cidade para Ilha de Sapucaia, no Caju. Gary cumpriu essa função até o ano de 1891, quando encerrou-se o contrato com o governo. Anos depois, foi criada a superintendência de limpeza pública e particular da cidade. A atuação do empresário, no entanto, foi tão forte, que os empregados encarregados pela limpeza, os varredores de rua, passaram a ser chamados de garis.

Outra curiosidade sobre a classe é a mudança de uniformes. Até 1975, as vestes tinham um tom cinza, que fazia com que os garis passassem despercebidos nas ruas. À noite, eram comuns casos de garis atropelados por não serem vistos pelos motoristas.

Como quem não é notado não é lembrado, o prefeito Marcos Tamoio achou que a companhia precisava vencer esta “invisibilidade”. E decidiu usar ferramentas do marketing e do design. Convidou, então, o escritório PVDI Design, do renomado Aloísio Magalhães, para mudar toda a imagem da empresa, que acabara de ser municipalizada.

O uniforme laranja deu tão certo, que virou marca do gari carioca. Nos últimos 40 anos, algumas mudanças, no entanto, precisaram ser feitas. Em 1998, as faixas brancas, que só existiam nos braços, passaram a ser aplicadas nas barras das calças. E o tecido passou a ser reflexivo, aumentando a visibilidade do gari à noite.

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