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sábado, 16 de agosto de 2014

Lições Aprendidas

REDES DE INDIGNAÇÃO E ESPERANÇA: 
MOVIMENTOS SOCIAIS NA ERA DA INTERNET

Manuel Castells
Coletânea de passagens do livro.





Estopim!

Os movimentos sociais são desenvolvidos por indivíduos... A questão chave para esse entendimento é quando, como e por que uma pessoa ou uma centena de pessoas decidem, individualmente, fazer uma coisa que foram repetidamente aconselhadas a não fazer porque seriam punidas. (pg. 17)

Para que surja o entusiasmo e aflore a esperança, os indivíduos precisam superar a emoção negativa resultante do sistema motivacional de evitação, a ansiedade. A ansiedade é a reação a uma ameaça externa sobre a qual a pessoa ameaçada não tem controle. Assim, a ansiedade leva ao medo e tem sobre a ação um efeito paralisante. A superação da ansiedade no comportamento sociopolítico frequentemente resulta de outra emoção negativa, a raiva. Esta aumenta a percepção de uma ação injusta e com a identificação do agente por ela responsável. (pg. 18)

Eles (os espaços ocupados) criam uma comunidade, e a comunidade se baseia na proximidade. A proximidade é o mecanismo psicológico fundamental para superar o medo. E superar o medo é o limiar fundamental que os indivíduos devem ultrapassar para se envolver num movimento social, já que estão bem conscientes de que, em ultima instância, terão que confrontar a violência caso transgridam as fronteiras estabelecidas pelas elites dominantes para preservar sua dominação (pg. 15)

A mudança social envolve uma ação individual e/ou coletiva que é, em sua essência, emocionalmente motivada... O gatilho é a raiva, e o repressor, o medo. A raiva aumenta com a percepção de uma ação injusta e com a identificação do agente por ela responsável. O medo desencadeia a ansiedade, associada à evitação do perigo. Ele é superado pelo compartilhamento e pela identificação com outros num processo de ação comunicativa. Então a raiva assume o controle, levando ao comportamento de assumir riscos... Indivíduos entusiasmados, conectados em rede, tendo superado o medo, transformam-se num ator coletivo consciente. (pg.158)

Propagação!

Quanto mais rápido e interativo for o processo de comunicação, maior será a probabilidade de formação de um processo de ação coletiva enraizado na indignação, propelido pelo entusiasmo e motivado pela esperança. (pg.19)

Quando você tem um monte de gente enviando notícias, há um relato coletivo do que está acontecendo. (pg.95)

Quanto mais interativa e autoconfigurável for a comunicação, menos hierárquica será a organização e mais participativo o movimento. É por isso que os movimentos sociais em rede da era digital representam uma nova espécie em seu gênero (pg. 20)

Por serem uma rede de redes, eles podem dar-se ao luxo de não ter um centro identificável, mas ainda assim garantir funções de coordenação, e também de deliberação... Não precisam de uma liderança formal, de um centro de comando ou controle, nem de uma organização vertical, para passar informações ou instruções. (pg.160)

Os movimentos (em rede) ignoraram partidos políticos, desconfiaram da mídia, não reconheceram nenhuma liderança e rejeitaram toda organização formal, sustentando-se na internet e em assembleias locais para o debate coletivo e tomada de decisões (pg.9)

As redes sociais digitais baseadas na internet e nas plataformas sem fio são ferramentas decisivas para mobilizar, organizar, deliberar, coordenar e decidir. (pg.167)



Os ativistas planejaram os protestos pelo Facebook, coordenando-os pelo Twitter, divulgando-os pelo SMS e transmitindo ao mundo pelo Youtube. (pg.50)

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