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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Garis alpinistas - Os heróis que tratam o efeito do problema.

O trabalho dos garis alpinistas deve ser louvado, porém, sem esquecer que seus esforços tratam somente os efeitos da ineficaz gestão de resíduos sólidos em comunidades.

Soldados de uma guerra perdida, não estariam pendurados em encostas se os moradores de comunidade tomassem para si a responsabilidade de escoar seus resíduos de forma consciente nos equipamentos disponibilizados para o acondicionamento e coleta. Ou, na falta destes, buscassem formas de mobilização coletiva para a solução compartilhada da questão.









‘Alpinistas da Comlurb’ passam horas por dia no alto de morros para retirar lixo de encostas

Maioria dos trabalhos é em favelas. Além da altura, tiroteios também são desafio



RIO - Enquanto a maioria dos garis do Rio não tira os pés dos chão, uma turma muito corajosa vive nas alturas. São os alpinistas da Comlurb, que têm como missão explorar as encostas para retirar toneladas de lixo despejadas diariamente morro abaixo. Com capacetes brancos e suspensos por cordas, eles têm muito trabalho, mas também uma visão privilegiada. “Trabalhamos no alto do Vidigal, da Niemeyer, na Rocinha... Você imagina as vistas”, diz um deles.

A pausa para apreciar a beleza do Rio, no entanto, precisa ser curta, porque o serviço é árduo. Eles passam de seis a sete horas nas encostas, que, às vezes, levam até quatro dias para serem limpas. O trabalho também é difícil porque a equipe é pequena. Os alpinistas da Comlurb são apenas cinco.

Os profissionais, treinados por técnicos do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, usam equipamentos como rapel e outros de alpinismo, além de instrumentos como ceifadeiras, foices e enxadas.

— A dificuldade maior é subir até o local. É preciso esforço físico, concentração e visão para que nenhuma casa seja atingida e para que a vida de nossos colegas não seja colocada em risco. — conta um dos alpinistas, Fernando Cunha, de 31 anos.

A subida é só um dos desafios. Boa parte dos trabalhos de limpeza é feita dentro de favelas — a maioria dominada pelo tráfico de drogas e alvo constante de tiroteios.



NO MEIO DE CONFRONTOS

O supervisor da equipe, Moisés de Brito, lembra um dos episódios de violência:

— Em 2016, ficamos presos cerca de uma hora e meia dentro do teleférico do Morro da Providência, porque, quando estávamos subindo, começou um forte confronto. Essa não foi a única vez. Por isso, quando o clima está tenso, a gente nem sobe — disse ele, explicando que há dias em que a missão é mais amena. De vez em quando, somos convocados para retirar propagandas irregulares de lugares altos.



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