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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Estudo da Comlurb traça perfil de moradores da Barra e de bairros vizinhos a partir do lixo


Região é a que mais descarta garrafas de uísque, cosméticos e perfumes importados

Maíra Rubim


Diariamente, milhares de embalagens plásticas são descartadas por moradores da Barra e do Recreio, felizmente, bairros com grande adesão à coleta seletiva. Embalagens de comidas congeladas e produtos com entrega em domicílio (principalmente pizza e comida japonesa) também são encontrados em grande volume, assim como garrafas de vinho e uísque. Estas são algumas particularidades reveladas pela Comlurb ao analisar o lixo domiciliar da Área de Planejamento 4 (AP 4), a pedido do GLOBO-Barra. Por mês, a região gera 26 mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares.

A companhia coleta este tipo de informação há 23 anos, mensalmente, em seu Centro de Pesquisas Aplicadas, em Vargem Pequena. É a chamada análise gravimétrica, que tem como objetivo levantar os hábitos de consumo da população de cada área da cidade para nortear o trabalho da companhia, ajudando a definir do número de postos de reciclagem necessário ao de caminhões.

— O estudo gravimétrico da Comlurb tem um diferencial, porque em outros locais do Brasil e do mundo essa análise é encomendada pontualmente. Aqui, ela é feita o ano todo — diz Bianca Quintaes, gerente do núcleo.
O plástico compõe a segunda maior porcentagem do lixo domiciliar, perdendo apenas para o material orgânico. O maior consumo é na Barra. Eletroeletrônicos passaram a ser encontrados em maior escala a partir de 2009, e hoje representam 0,48% do lixo total. O uso de vidro, metais e papel/papelão também são quantificados pela Comlurb, e servem ainda como indicadores de poder aquisitivo.

— Nos últimos anos, o consumo de eletroeletrônicos aumentou, e eles se tornaram quase que descartáveis. Ninguém mais conserta celular. Em relação aos recicláveis, em todo o mundo é sabido que, quanto mais desse material no lixo, maior o PIB e o poder aquisitivo. Reclicláveis são artigos que custam mais: pedir comida é mais caro que cozinhar em casa — exemplifica Bianca.

Além de grande quantidade de supérfluos e produtos de valor — é na AP4, por exemplo, que se encontra o maior volume de importados, incluindo bebidas, perfumes e cosméticos, de toda a cidade —, o lixo da região concentra uma grande quantidade de seringas e outros materiais hospitalares, indicando alta frequência de tratamentos em sistema de home care. Fraldas geriátricas são outro produto muito encontrado na Barra e no Recreio, indicando a faixa etária elevada da população local, tendência já apontada pelo IBGE no Censo de 2010.

Outra curiosidade diz respeito aos alimentos. Na matéria orgânica dispensada no Recreio, há uma grande quantidade de alimentos crus. Alimentos cozidos costumam ser indicativo de menor poder aquisitivo: não, por acaso, no bairro, são mais encontrados na área do comunidade do Terreirão.

— Isso significa que os moradores da área comem mais em casa — avalia Bianca.

O lixo de Vargem Grande e Vargem Pequena, por sua vez, apresenta altos percentuais de matéria orgânica, mas, neste caso, a interpretação é que seus moradores têm melhores hábitos alimentares, com aposta em comida caseira e hortas.

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