'Fala com a Márcia': servidora da Comlurb diz que assessorava Crivella graças a 'horário flexível'.
Márcia Nunes ficou conhecida após divulgação de áudio do prefeito a líderes religiosos. Na gravação, ele recomendava que a funcionária fosse procurada para agilizar cirurgias.
RIO - A servidora municipal Márcia Nunes, que ficou conhecida pelo episódio “Fala com a Márcia”, afirmou em depoimento à CPI na Câmara, nesta terça-feira, que é comum Marcelo Crivella indicar assessores para receberem pedidos sobre diversas demandas, como na área de saúde. Ela negou, porém, que tenha atuado para burlar a fila do Sistema de Regulação (Sisreg) e conseguir cirurgias de cataratas para indicados do prefeito
- Se não fosse eu (naquela reunião), ele teria falado com outra pessoa. Ele sempre fala: 'Fala aqui com fulano’, e sai (de perto) - disse Márcia, nomeada por Crivella para atuar em cargo comissionado como coordenadora técnica da Comlurb.
A servidora, que admitiu ter trabalhado na campanha de Crivella à prefeitura em 2016, negou ter atuado para furar a fila do Sisreg em beneficio de algum indicado do prefeito.
- Eu não tenho acesso ao Sisreg, nem à Secretaria de Saúde. Nunca marquei nenhuma cirurgia. Não possuo a senha do Sisreg e nunca tive.
Indagada pela vereadora Rosa Fernandes (MDB) se Crivella a indicava apenas para “se livrar das pessoas” que faziam pedidos, Márcia não deu uma resposta assertiva. Na saída, jornalistas a interpelaram sobre essa questão, mas a servidora preferiu sair sem dar entrevistas. Ao GLOBO, o advogado da Comlurb Carlos Macedo, que acompanhou Márcia durante o depoimento, afirmou:
- O prefeito falava para a Márcia anotar os pedidos para que, depois, ela desse o encaminhamento adequado para cada caso. Dizer qual a unidade hospitalar adequada para cada situação, mas sem desrespeitar a fila do Sisreg.
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Márcia Nunes, assessora de Crivella, depõe na CPI do Sisreg da Câmara
Por: Aline Macedo e Berenice Seara em 19/03/19 14:17
A assessora Márcia da Rosa Pereira Nunes, lotada na Comlurb — porém famosa por ser indicada pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB) como alguém capaz de ajudar a encaminhar pacientes ao sistema de Saúde — presta depoimento na Câmara do Rio, na CPI do Sisreg.
E minimizou sua participação no "Café da Comunhão", reunião entre o alcaide e líderes evangélicos, na qual foi oferecida ajuda no encaminhamento de pacientes de catarata a cirurgia, na mudança da localização de pontos de ônibus e na obtenção de isenção de IPTU, entre outras benesses.
Segundo a moça, ela chegou com o evento já em andamento e estava lá apenas para ajudar a orientar quem não sabia como entrar para fila do Sisreg. Porém, em áudio gravado pela reportagem, Crivella foi muito mais enfático sobre o poder de fogo da assessora:
"Então se os irmãos tiverem alguém na igreja com problema de catarata, se os irmãos conhecerem alguém, por favor falem com a Márcia. É só conversar com a Márcia que ela vai anotar, vai encaminhar, e daqui a uma semana ou duas eles estão operando", declarou, na ocasião.
A moça confirmou ser a primeira vez que trabalha na prefeitura. Antes disso, dava expediente no Senado, no antigo gabinete de Crivella.
A coordenadora técnica da Comlurb afirmou que, atualmente, toca o projeto "De bem com a vida", voltado a funcionários da companhia com dependência química.
"Já acompanhei (o prefeito) várias vezes em eventos, até porque, quando o prefeito tem agendas externas, surgem agendas ligadas à Comlurb", disse ela
Reunião do prefeito Marcelo Crivella (PRB) com líderes evangélicos Foto: Bruno Abbud |
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