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domingo, 3 de março de 2019

Quem não chora não mama

'Precisamos desmamar'

Na mesma edição da Folha de São Paulo que dizia que o carnaval em São Paulo virou um dos maiores negócios do país deixando o Rio de Janeiro para trás, o prefeito do Rio afirmava em entrevista que o "Carnaval precisa andar com as próprias pernas" retirando recursos públicos, que, em teoria, sejam compensados por investimentos da iniciativa privada. O conceito defendido é que o carnaval precisa "desmamar".

Para defender o "desmame" o prefeito do Rio se baseia em uma pesquisa realizada pelo Instituto Paraná onde 88% da população quer que o carnaval seja patrocinado pela iniciativa privada. Da forma que a  questão foi apresentada na pesquisa, surpreende que 12% dos entrevistados foram contra investimentos em saúde, educação e infraestrutura:
Algumas Prefeituras do Brasil decidiram reduzir a verba do Carnaval para investir emáreas da administração municipal como: saúde, educação, infraestrutura, entre outras.O Sr(a) concorda ou discorda dessa iniciativa?
Mas, o que seria um "desmame"? Seria somente dos recursos repassados diretamente para as Escolas de Samba, que são empresas investidoras no desenvolvimento de suas comunidades? Seria os recursos públicos utilizados na gestão da cidade durante o Carnaval? Seria os recursos dos bailes populares realizados em praças públicas muito comuns na Zona Norte e Zona Oeste?

A limpeza do Sambódromo, é desmame?

Completando a tese do "desmame" e garantindo que a prefeitura contribui com serviços públicos no Carnaval , nas palavras do Prefeito;
"Respeito sim as 7 milhões de pessoas que vão aproveitar o melhor carnaval do Brasil nas ruas do Rio. Preparamos a cidade para receber essa festa. Temos quase 5500 guardas/ dia nas ruas para proteger os foliões; a Comlurb está trabalhando com 7.686; a Rioluz fez vistorias preventivas e corretivas; intensificamos os trabalhos de sinalização e iluminação; 300 profissionais de saúde estão a postos"
Ao citar a Comlurb junto com guardas, RioLuz e profissionais da Saúde, o prefeito esquece que Comlurb contribui diretamente com a realização dos eventos do Sambódromo empenhando mais de um milhão de reais na limpeza dos desfiles sem contrapartida, ou seja, sem custo para os organizadores.


Ou, como aconteceu com o Rock in Rio de 2017, manter a limpeza sendo realizada pela Comlurb com a assinatura de um contrato de prestação serviços onde os recursos sairiam dos organizadores e não dos cofres públicos?



Para o carnaval deste ano:
No Sambódromo, serão destacados 4.818 garis. A limpeza diurna será realizada do dia 28/02 a 11/03, com 178 funcionários por dia de desfile. A limpeza externa terá por dia 189 garis e a noturna será feita com 258 garis. O serviço inclui a manutenção de toda área interna, como corredores, frisas, arquibancadas e pistas (durante os desfiles, concentração e dispersão); coleta de resíduos e lavagem dos contêineres, e o entorno da Passarela do Samba.
A limpeza e desinfecção dos postos de saúde instalados ao longo da Passarela do Samba e a coleta dos resíduos biológicos desses postos também ficam a cargo da Comlurb, que destacará 11 garis por dia para os serviços. Os trabalhos serão realizados todos os dias de desfiles, sempre das 16h às 7h.
Qual o Futuro?

Lembrando que o Sambódromo foi construído pelo Governo do RJ e inaugurado em 1984, o  governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel anunciou que tem planos para reformar e desenvolver a Marquês de Sapucaí. O secretário estadual de Turismo, Otavio Leite, afirmou a vontade de "transformar o Sambódromo em um lugar atrativo para receber grandes eventos o ano inteiro"


Resta saber como o serviço de limpeza realizado pela Comlurb será visto em um novo modelo de gestão do equipamento público!



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