Não é recente membros da alta gestão tentar influenciar empregados da Companhia em reuniões supostamente técnicas mas que são abordadas questões políticas, sugerindo qual cenário seria positivo para a Companhia.
Também acontecia de executivos da Companhia organizar algum evento privado, um churrasco ou feijoada, convidando empregados que exercia alguma influência, e receber a visita de algum político em seu evento.
Ou o próprio candidato organizava um evento aberto para empregados da Companhia para poder expor suas idéias, semelhante à reuniões comunitárias onde moradores são convidados a conhecer o candidato.
O semelhante em todas essas abordagens é que os empregados eram convidados e sua presença era voluntária, e principalmente, o candidato ou o executivo da empresa eram vistos com bons olhos por sua plateia! Parece que isso não foi o que ocorreu na quadra da Estácio de Sá
Funcionário da Comlurb diz que Crivella distribuiu material de campanha em reunião investigada por CPI
Vereadores apuram uso da máquina pública. TV Globo teve acesso a depoimentos de gerentes e servidores.
Em depoimento na Câmara de Vereadores, um funcionário da Comlurb relatou distribuição de “santinhos” de Marcelo Hodge Crivella Filho, filho do prefeito Marcelo Crivella, em reunião de servidores da companhia convocada pela prefeitura.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito investiga se houve uso da máquina pública do município para pedir votos na campanha de “Crivellinha”, então candidato a deputado federal.
O Bom Dia Rio teve acesso a depoimentos à CPI de servidores e gerentes da Comlurb que foram convocados ao evento, em setembro do ano passado, na quadra da escola de samba Estácio de Sá. Quase 300 pessoas estavam na plateia.
Marcelo Hodge Crivella — Foto: GloboNews reprodução |
Em sessão da CPI na semana passada, o motorista Roberto Pessoa dos Santos contou que, após a reunião, viu funcionários com material de campanha. “Dentro do ônibus, quando eles retornaram, tinha um monte de panfletinho do filho”, afirmou.
O servidor explicou que muitos largaram os santinhos ali mesmo. “Deixaram dentro do ônibus, e ali eu que tive que dar destino. Tinha mais de 100 panfletinhos do Marcelo Crivella”, disse.
Motoristas da companhia também disseram que no dia da reunião precisaram entrar antes do horário. “Me ligaram para pegar mais cedo, porque a gente tinha que levar para a reunião, porque não tinha outra viatura”, contou Luciano Oliveira da Silva.
Comício em reunião
Na sessão desta terça-feira (26), dez gerentes da Comlurb foram ouvidos pela CPI. Eles disseram que não sabiam que a reunião na quadra da Estácio se tratava de um encontro político.
“O intuito do evento que nos falaram era que iriam falar sobre o 14º, sobre uma série de coisas, que algumas pessoas não tinham ganho e isso seria esclarecido”, falou um. “Se nós entendêssemos que era um evento político, nós não compareceríamos. Até porque nós somos apolíticos”, emendou.
Impeachment
No evento, Crivella pediu “humildemente” votos para o filho, que não se elegeu.
“Eu vim aqui pedir a vocês humildemente. Não é o prefeito que tá pedindo. Nem é o pai do Marcelinho. É o carioca”, discursou o prefeito.
Agora, os superintendentes da Comlurb serão ouvidos pelos vereadores.
“Acho que nós já temos elementos suficientes que podem levar a um pedido de impeachment do prefeito”, afirmou a vereadora Teresa Bergher (PSDB), presidente da CPI.
“Vários candidatos do prefeito estavam lá. Essa CPI vai terminar claramente mostrando que essa reunião é política”, emendou Paulo Pinheiro (PSOL). “Vão ter que ser punidos os responsáveis por tratar o serviço público como se fosse o serviço privado deles”, frisou.
O que dizem os envolvidos
Em nota, a Comlurb afirmou desconhecer haver santinhos dentro do ônibus no fim do evento.
A prefeitura informou que não vai se pronunciar sobre o andamento dos trabalhos da CPI.
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