Parece que o cenário de 2017 de dívidas passadas, pagamentos atrasados por serviços que presta e cortes no orçamento, perdurou até agora quando a possibilidade concreta "de paralisação dos serviços e da limpeza urbana", mais que nunca assombra a cidade
Por falta de pagamentos da Prefeitura do Rio, concessionária interrompe transporte de lixo para o Aterro de Seropédica
Por falta de pagamentos da Prefeitura do Rio, concessionária interrompe transporte de lixo para o Aterro de Seropédica
Concessionária leva em seus veículos 80% do lixo da cidade. Prefeitura terá que usar os próprios caminhões e afirma que está negociando solução.
Por falta de pagamentos da Prefeitura do Rio, a concessionária que opera o Aterro Sanitário de Seropédica vai parar de levar a maior parte do lixo da cidade para o local a partir de segunda-feira (1). Nesta sexta (29), a empresa que opera o aterro anunciou que reduzirá em 80% o transporte de resíduos.
Isso corresponde a 7,2 mil toneladas de lixo por dia que deixam de seguir para o aterro nas carretas da empresa. Segundo a concessionária, a prefeitura teria que levar o lixo em seus próprios caminhões de coleta, que são menores que os normalmente utilizados neste transporte.
A dívida da prefeitura com a empresa que opera o aterro sanitário de Seropédica alcançou o valor mais alto desde o início da administração Crivella: R$ 72.454.049.
O montante equivale a três meses e meio de atraso nos repasses à concessionária.
Em setembro do ano passado, quando a dívida ainda era de sessenta e um milhões de reais, a prefeitura renegociou na justiça o pagamento dos atrasados. A solução foi redividir as parcelas em valores menores, mas nem esse acordo foi cumprido.
No último dia 20, a prefeitura deixou de pagar mais uma parcela mensal de R$ 20 milhões. O item que mais impacta as despesas da empresa é o óleo diesel usado para movimentar mais de cem carretas de lixo. O custo mensal com o combustível é superior a R$ 1,6 milhão.
“Hoje chegou no limite que a gente não tem mais recursos pra manter a operação, e o risco ambiental é muito grande. Não temos recursos mais para colocar óleo diesel nos caminhões, não temos mais recursos para pagar a folha. O acionista já não consegue mais. O prejuizo é muito grande e chegou no limite. Não é que a gente não queira. A gente não consegue porque não tem onde mais de onde vir o recurso”, diz Adriana Felipetto, presidente da Ciclus, que opera o aterro.
Caminhões menores
Na prática, sem o transporte feito por carretas, a prefeitura teria de levar todo o lixo para Seropédica nos caminhões menores que fazem a coleta domiciliar. E isso teria impacto sobre a limpeza da cidade.
“O problema é que a distância é maior e teoricamente se precisaria de uma quantidade maior de caminhões coletores de lixo para levar todo lixo pra Seropédica. Mas essa parte de coleta é uma parte da prefeitura que ela vai ver como ela se organiza pra fazer isso”, acrescentou Adriana.
A falta de recursos compromete também a gestão do próprio Aterro de Seropédica, que produz dois milhões de litros de chorume por dia.
“Esses dois milhões de litros de chorume, se não forem tratados e lançados diretamente em qualquer corpo hídrico, polui. Se a gente não tiver recursos para isso, isso pode gerar uma poluição - contaminação do curso da água, recursos hídricos, Guandu, porque ali é perto da captação de Guandu, que abastece a cidade do Rio de Janeiro”, diz a presidente da empresa.
A Comlurb reconheceu a dívida e afirma que está negociando com a concessionária.
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