Essa é exatamente uma antiga demanda dos trabalhadores quando buscam um “uniforme de verão”, ou seja, algo leve, com pouco atrito e que evaporem o suor rapidamente (semelhante a secar rapidamente após a lavagem de um dia para o outro) que fosse mais condizente com o clima da cidade na época mais quente do ano. Adicionalmente, iniciativas pontuais dos próprios empregados usando mangas compridas sob o blusão ou toalhas na nuca, indicam a necessidade de maior proteção contra a exposição solar.
Em 2017 um Grupo de Trabalho responsável por propor melhorias nos uniformes e EPIs dos empregados da Companhia indicou a possibilidade de desenvolvimento de um novo uniforme com fibra sintética garantindo segurança, conforto e, porque não, elegância, para todos os Garis.
No entanto, infelizmente, por conta da crônica descontinuidade de gestão dos executivos da empresa, a demanda do seu principal profissional, o gari, foi retirada de pauta.
O uniforme de fibra sintética, provavelmente a poliamida, seria um enorme benefício para o trabalhador que se movimenta como um atleta, com retorno incomensurável para a produtividade em um clima cada vez mais desgastante.
Veja qual a importância do tecido na confecção dos uniformes dos garis:
Início com o algodão
No mundo esportivo, o algodão era o mais utilizado, mas a malha retém o suor e não seca com muita rapidez, apesar de possuir uma boa respirabilidade.
A solução veio com a invenção do poliéster, que se popularizou pouco depois da Segunda Guerra Mundial.
O porém do poliéster era a respirabilidade, menor do que a do algodão. Uma solução para o problema adotada pela indústria é fazer microfuros a laser no tecido, melhorando a troca de calor com o ambiente externo.
A vez da poliamida
Amplamente utilizada em materiais esportivos atualmente, a poliamida surgiu ainda no século XX, como uma substituta sintética para a seda.
“Mais leve e mais ‘gelada’ que o poliéster, ela também é mais durável e recebe tratamentos antiodor e para evitar a proliferação de bactérias”, explica Camila Souza, gerente de produtos da Fila.
Foram essas características que fizeram o tecido se popularizar mundialmente como matéria-prima para roupas esportivas de atletas amadores e profissionais. A desvantagem da poliamiada para o poliéster é o tempo de secagem, mais elevado no primeiro.
Mas os dois tecidos podem receber tratamentos que ajudam a melhorar a performance e o bem-estar de acordo com a necessidade de cada atleta.
Emana: tecido a serviço do corredor
O fio Emana, desenvolvido pela empresa química Rhodia, é uma poliamida que recebe tratamento especial para incorporar minerais bioativos ao tecido. Esses aditivos conferem ao Emana uma tecnologia de raios infravermelhos longos, que utiliza o calor gerado pelo corpo para diminuir a fadiga muscular. Na prática, o corredor pode sentir menos cansaço e se recuperar mais rapidamente.
Diferentemente do poliéster e da poliamida, que foram desenvolvidos por outras necessidades e acabaram sendo reutilizados no esporte, o Emana foi criado puramente para atender aos atletas.
“Ele mantém os aspectos básicos da poliamida, como a leveza, mas tem coisas extras como ajudar na recuperação e reduzir a fadiga muscular. É um tecido voltado para a performance”, explica a gerente de produtos da Fila, marca que utiliza o Emana, em peças de sua nova linha de running.
Além do tecido tecnológico, a Fila investe no recorte das peças, desenvolvidas em conjunto com as opiniões de atletas de alto rendimento e amadores. A segurança também entra na equação – as roupas contam com uma parte refletiva de tecido para aumentar a visibilidade do corredor à noite.
Na opinião de Camila, o próximo passo a ser dado pelas confecções é a interatividade com o usuário: “roupas que vão fornecer informações sobre como o corpo se comporta, o que precisa, o que está gastando”, aposta.
O desafio das marcas será, então, aplicar essa tecnologia com preço acessível e traduzir os dados de forma que qualquer usuário possa entender.
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