Mesmo ruas que não tiveram folia amanheceram repletas de detrito
Lixo no metrô durante o carnaval de 2018 |
RIO - Nem tudo foi alegria. Os cortejos que desfilaram pelas ruas da cidade arrastaram uma multidão de animados foliões, mas deixaram para trás um rastro de sujeira e de desordem. Da Zona Sul, passando pelo Centro, até a Zona Norte, o bloco dos “sujismundos” teve muitos participantes: as ruas ficaram repletas de poças de xixi, restos de fantasias, latas, garrafas e toda sorte de lixo, ofuscando o brilho da festa. Em alguns bairros, como Copacabana, onde se apresentaram gigantes como o Bloco da Favorita, a falta de educação atingiu proporções gigantescas. Após a passagem do bloco, a Comlurb recolheu 35 toneladas de lixo, dando ao evento o título de campeão da produção de detritos este ano. O segundo lugar ficou com o Cordão do Bola Preta, com 27,6 toneladas. Este ano, foram varridas das ruas 486,5 toneladas de lixo nos quatro dias de festa, superando as 450,3 toneladas de 2017.
E não foi apenas um arranhão na imagem da cidade que os porcalhões deixaram. A falta de educação coletiva também atrapalhou a evolução dos foliões. A estudante Maria Luiza Freitas, de 25 anos, por exemplo, quase cortou o pé numa garrafa de cerveja quando brincava na Banda de Ipanema.
— Achei que as pessoas podiam guardar sua garrafa e suas latinhas até encontrar uma lata de lixo. Nada a ver fazer tanta sujeira, tremenda falta de educação — reclamou.
De acordo com a Comlurb, de sexta-feira até ontem, 642 pessoas foram multadas no carnaval de rua carioca: 544 por urinar em vias públicas e 98 por jogar lixo em local inadequado. Moradora da Rua Francisco Otaviano, em Copacabana, a dona de casa Isabel Lima, de 50 anos, diz que teve a sensação de que este ano o bairro ficou mais sujo:
— Nos outros anos, eu não sentia tanto cheiro de urina. E nem via tantas garrafas de bebida espalhadas pelas esquinas. Os pobres dos garis varrem, mas logo em seguida vem outro grupo para sujar.
E o problema não ocorreu somente nas ruas em que passaram blocos. Segundo a presidente da Associação de Moradores do Leblon, Evelyn Rosenzweig, nos dias de folia, a Rua Dias Ferreira virou cenário de desordem.
— Este ano, a falta de educação imperou. Na Dias Ferreiras, devia ter umas 200 mil pessoas por dia bebendo e jogando garrafas no chão. Havia também muito ambulantes. No próximo ano, vai ser preciso aumentar o número de guardas municipais, não foi suficiente — disse.
O MetrôRio também divulgou um balanço parcial do volume de lixo recolhido em vagões e estações entre sábado e anteontem: foram 476,8 mil litros, cinco vezes mais do que o somatório de três dias úteis, diz a concessionária.
O presidente da Riotur, Marcelo Alves, não tem dúvidas de que este ano os foliões produziram mais lixo.
— A prefeitura se estruturou para um evento complexo e gigantesco, mas muitos blocos subestimam os números. O Chora Me Liga, por exemplo, informou que teria 50 mil foliões, trabalhamos com a hipótese de 100 mil, mas compareceram 600 mil. Não há estrutura que dê conta de atender tanta gente.
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