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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Falta vocação para viver em paz com o Legislativo.

Muito triste a extinção de algo que já foi uma das joias da cidade!

Crivella provoca a Câmara ao entregar a Conservação a Sebastião Bruno

Por: Berenice Seara em 03/10/19 18:26  

O vereador Tarcísio Motta (PSOL) preside a sessão da Câmara
O vereador Tarcísio Motta (PSOL) preside a sessão da Câmara
 A sessão desta quinta-feira (03) na Câmara do Rio começou com cheiro de pólvora — embora fossem tão poucos os vereadores em plenário, que o PSOL de Tarcísio Motta tenha sido obrigado a assumir a presidência (fato raro) para poder dar início aos trabalhos.

O esvaziamento não tinha a ver com o Rock in Rio, como especularam as piores línguas.

Mas com as notas dissonantes que vinham do Palácio da Cidade, onde o prefeito Marcelo Crivella (PRB), naquele mesmo momento, dava a ordem para liberar uma edição especial do Diário Oficial do Município apenas para dar conhecimento público à extinção da Secretaria de Conservação.

E à transformação do já poderoso chefão da Infraestrutura e Habitação, Sebastião Bruno, num supersecretário — agora responsável também pelo orçamento de R$ 790,9 milhões previsto para a Conservação no ano que vem.

Os parlamentares governistas, que formam a esmagadora maioria dos ocupantes do Palácio Pedro Ernesto, reuniram-se na sala do presidente Jorge Felippe (MDB) para dividir inquietações e indignações. E impropérios também.

Afinal, Crivella havia exonerado o secretário Roberto Nascimento — que mantinha um relacionamento tido como excelente com os vereadores, em especial, com o próprio Jorge Felippe, sempre atendendo aos pedidos dos seus redutos eleitorais.

E passado as funções primordiais do dia-a-dia da cidade, como operações tapa-buracos e limpeza dos bueiros, para Sebastião Bruno, que notoriamente não mantém uma boa conversa com os legisladores.

Para os parlamentares, doeu. Doeu ainda mais ver que Crivella só deu a estocada final depois de ter aprovado o que mais precisava na Câmara: o perdão de R$ 450 milhões das dívidas dos cartórios, a garantia da incorporação aos servidores municipais e a nova edição do projeto Concilia Rio.

Por isso é que o cheiro de pólvora não era apenas uma sugestão.

A turma da Cinelândia está com a bazuca nos dentes.

E é bom lembrar que o processo de impeachment de Crivella começou quando o prefeito substituiu Guilherme Campos, indicado por Jorge Felippe para a subsecretaria de Engenharia e Conservação, por Carlos Alberto Siqueira da Silva, homem de confiança de Sebastião Bruno.

A crise só foi contida quando Siqueira foi exonerado e Roberto Nascimento, novamente com a anuência de Felippe, nomeado secretário.

Uma coisa é certa.

Crivella não tem medo do enfrentamento. Nem vocação para viver em paz com o Legislativo.

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