O conceito defendido pelo atual Presidente da Comlurb sobre a cobrança dos serviços de limpeza dos dias de desfile no Sambódromo não é novo.
A muito tempo existe o questionamento sobre a a aplicação de recursos públicos em evento particular intramuros com cobrança de ingressos. A justificativa para a ação da Comlurb nos desfiles sempre foi recheada de "é uma tradição" temperada com "é bom para a imagem da empresa"
O Rock in Rio por exemplo: em 2013 foi totalmente limpo gratuitamente pela Comlurb, em 2015 foi limpo por uma empresa privada. Em 2017 voltou para a Comlurb só que desta vez com um contrato de prestação de serviços assinado.
Agir como uma empresa prestadora de serviços deveria ser uma prática normal, não somente quando a maré orçamentária está fraca.
Prefeitura do Rio vai proibir que serviços de órgãos públicos sejam usados em eventos privados
Empresas como a Comlurb, Guarda Municipal e Rio Luz não poderão trabalhar em eventos com venda de ingressos. Presidente da Riotur também falou sobre privatização do Sambódromo.
Por trás do Gari Sorriso existe muito trabalho e recursos públicos envolvidos. |
A Prefeitura do Rio de Janeiro deve publicar esta semana um decreto que proíbe que órgãos públicos, como a Comlurb, trabalhem em eventos privados com venda de ingressos - caso dos desfiles na Marquês de Sapucaí.
“É uma medida de respeito com o recurso do cidadão, no qual entendemos que o recurso público é para eventos que não têm cobrança de ingressos. Então, é uma atitude bem tomada para que possamos economizar e destinar esse recurso a outras prioridades de eventos na cidade”, explicou Marcelo Alves, presidente da Riotur.
Tradicionalmente, a prefeitura arcava com a limpeza, parte da segurança (Guarda Municipal), iluminação (Rioluz) e atendimento médico.
Alves destaca que o investimento que atualmente é destinado à Sapucaí, por exemplo, será investido em outros espetáculos populares, como o desfile da Intendente Magalhães e da Avenida Chile, onde não há cobrança de ingressos.
“O carnaval é de extrema importância para a cidade do Rio de Janeiro. Há um investimento da prefeitura, como um todo, de R$ 100 milhões. Só a Riotur, no desfile das escolas de samba, investe R$ 12 milhões. Então, esse recurso, evidentemente, será destinado a outras áreas de eventos da cidade, para que a gente possa incrementar”, destacou.
O presidente da Comlurb, Tarquínio de Almeida, disse que vai conversar com o prefeito sobre a possibilidade de apresentar um projeto de limpeza para a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) para o carnaval de 2020. Segundo ele, agora que a prefeitura atravessa um momento de crise financeira, com receitas menores que as despesas, não faz mais sentido prestar o serviço gratuitamente.
"Era tradição a Comlurb e outros órgãos municipais prestarem serviços gratuitos a eventos privados em espaços públicos. Aliás, desde a criação do Sambódromo era assim. Mas agora, isso não faz mais sentido. Os dez dias de carnaval no Sambódromo custam cerca de R$ 3,5 milhões , uma fábula para quem não tem dinheiro. Então, se não dá mais para fazer de graça, ou a gente cobra ou sai fora", disse Almeida, destacando que outros grandes eventos privados como Rock in Rio, Fun fest, Game XP, pagam à Comlurb pelos serviços de limpeza dentro das áreas dos eventos.
Em nota, a Liesa diz que lamenta e não concorda com as declarações do prefeito sobre os desfiles da escolas de samba na Sapucaí. E destaca que "o evento, gerador de milhares de empregos, recolhe os impostos devidos, inclusive os 5% de ISS sobre todos os valores arrecadados, colaborando, direta e indiretamente, também, para que diversos outros setores da economia da cidade arrecadem mais, com valores revertidos para a prefeitura.
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