Em apenas quatro meses, unidades que desapareceram ou foram depredadas na cidade representam quase a mesma quantidade registrada anualmente
Por Luiz Ernesto Magalhães — Rio de Janeiro
o e furto de papeleiras da Comlurb nunca foram tão intensos quanto em 2023. Dados da empresa, divulgados pelo colunista Ancelmo Gois, do GLOBO, mostram que apenas entre janeiro e abril foram registradas 4.104 ocorrências. Se esse ritmo for mantido, o total de casos neste ano pode passar de 12 mil. A média anual fica entre 5 mil e 6 mil. A Comlurb não tem uma explicação para isso. Mas agentes da prefeitura sabem que no mercado dos ferros-velhos clandestinos, uma papeleira vale R$ 30 e um contêiner pelo menos R$ 70, porque o plástico é de alta qualidade e, ao ser ser derretido, vira polímero, matéria-prima para fabricar outros plásticos.
Em consequência do aumento das ocorrências neste ano, a Comlurb já estuda a possibilidade de repor as papeleiras com materiais alternativos, mais baratos, mas o que já se tentou não resolveu. No Méier, a Comlurb chegou a instalar, na Rua Dias da Cruz, 30 unidades de metal, chumbadas no asfalto, um modelo retrô. Dessas, só três sobreviveram.
— Uma papeleira nova custa R$ 150. Como conseguimos restaurar uma parte, gastamos cerca de R$ 1 milhão por ano. Mas em 2023, neste ritmo, podemos ter um prejuízo de R$ 1,5 milhão. Com esse dinheiro, a gente poderia comprar, por exemplo, quatro novos cortadores de grama automáticos (operados por joystick) que passamos a adotar este ano na limpeza da cidade— explica o presidente da Comlurb, Flávio Lopes.
Zona Sul, Barra e Jacarepaguá estão entre as regiões que registram o maior número de incidentes. Na Zona Norte, a situação é mais crítica em Madureira e no Méier. Na Tijuca, um dos pontos mais visados fica na Rua Barão de Mesquita, a menos de 300 metros da sede da Comlurb. Ali, a papeleira já foi reposta dez vezes.
Numa única noite de abril, 67 papeleiras foram furtadas na Lagoa e levadas numa Kombi para o Jacarezinho. Nesse caso, a prefeitura conseguiu localizar os responsáveis, entre os quais dois menores. Na delegacia, não disseram o que fariam com as papeleiras. Nas operações em ferros-velhos, a Secretaria de Ordem Pública (Seop) não tem encontrado papeleiras.
Os casos se multiplicam. Na última sexta-feira, câmeras de segurança registraram o momento em que jovens colocaram fogo numa papeleira na Estrada do Gabinal, na Freguesia, Zona Oeste do Rio. Por vezes, os objetos vandalizados são de maior porte. Há algumas semanas, seis contêineres decorados com grafite instalados na Pedra do Arpoado foram queimados e alguns deles jogados ao mar.
Praticidade é importante
Flávio Lopes diz que ainda não pode confirmar se, para evitar furtos, papeleiras passarão a ser fabricadas em concreto ou o outro tipo de material. Elas precisam ser práticas, para que o gari possa manuseá- las no momento de retirar o lixo.
— Instalar chips para rastrear para onde as papeleiras são levadas é inviável. O custo é maior do que fazer a reposição— acrescenta o presidente da Comlurb.
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