Translate

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Vandalismo é responsável por retirar mais de 12 mil lixeiras das ruas da cidade

Moradora do Méier, Janinha Paim lamenta a falta das lixeiras
Moradora do Méier, Janinha Paim lamenta a falta das lixeiras Foto: Agência O Globo

Uma em cada cinco lixeiras do Rio de Janeiro foram retiradas das ruas, na maioria das vezes por questões de vandalismo. Segundo números da Comlurb, a cidade tem hoje 64.419 pontos de instalação para as papeleiras, mas só 51.349 estão instaladas à disposição da população. Da Zona Norte a Zona Sul, passando pelo Centro, muitas estão quebradas e outras foram arrancadas dos postes, restando apenas partes da estrutura.
A servidora estadual aposentada Maria Cristina, de 68 anos, afirma que várias vezes têm que levar o seu lixo para casa pois não encontra uma papeleira pelo caminho, principalmente em bom estado de conservação. Moradora do Largo do Machado, ela reconhece que a depredação das "laranjinhas" prejudicam o exercício da cidadania. Além disso, Maria Cristina observa que não vê mais tantos garis esvaziando as lixeiras.
— Por várias vezes eu vejo o lixo transbordando ou então as papeleiras quebradas e sem tampa, o que deixa a cidade feia. É uma pena que isso aconteça. Não custa nada as pessoas respeitarem o patrimônio público e colocarem corretamente o lixo. Antes os garis passavam e recolhiam os resíduos, hoje não vejo com tanta frequência — revela.
"Cadê a lixeira que estava aqui?", questiona a aposentada Maria Cristina, moradora do Largo do Machado
 Foto: Agência O Globo

Apesar da queixa da aposentada, a Comlurb garante que os garis têm sido orientados a esvaziar mais vezes as papeleiras ao longo do dia, já que, segundo a companhia, elas estão sendo mais utilizadas pela população, principalmente depois do lançamento do programa Lixo Zero, em 2013, e das campanhas de conscientização da Comlurb. Até outubro deste ano, 38.882 pessoas foram multadas por jogar lixo no chão.
O economista Luis Eduardo Maciel, de 56 anos, mora no bairro do Flamengo e destaca que as poucas lixeiras da Rua São Salvador estão sempre quebradas, com as tampas levantadas e desafixadas no poste. Segundo ele, a presença das papeleiras está relacionada a uma questão de cidadania. Luis Eduardo afirma ainda que a prefeitura deveria estudar um novo modelo de lixeira, com mais espaço e maior durabilidade.
— A conscientização sobre não jogar lixo nas ruas é uma questão difícil aqui no Brasil, pouco valorizada, infelizmente. Sem a facilidade de se encontrar o local adequado para o descarte de resíduos, fica ainda pior. Talvez fosse a hora de se pensar em um conceito diferente, com espaços subterrâneos, talvez. É preciso um investimento a longo prazo.
Comlurb garante que os garis têm sido orientados a esvaziar mais vezes as papeleiras ao longo do dia
Comlurb garante que os garis têm sido orientados a esvaziar mais vezes as papeleiras ao longo do dia
 Foto: Agência O Globo

A Comlurb explica que, em função da restrição orçamentária e após um estudo técnico da instituição, foi planejado um remanejamento de papeleiras, adequando-as às demandas específicas de cada localidade. Elas ficam geralmente concentradas em locais com maior fluxo de pedestres. Nos bairros residenciais, a colocação segue outro padrão, de acordo com o planejamento operacional adequado para cada área.,
— Morei durante 23 anos em outro condomínio no Flamengo e pedi a troca da lixeira que ficava na porta do meu prédio, pelo menos, umas dez vezes — lembra Luis Eduardo.
A Zona Norte do Rio concentra cerca de 33% das lixeiras. No Méier, na Rua Dias da Cruz, uma das mais movimentadas da região, é possível observar lixeiras faltando partes ou então imundas e em mau estado de conservação. Na altura do cruzamento com a Rua Adolfo Bergamini, a farmacêutica Janinha Paim, de 35 anos, estava justamente em busca de um local para destinar corretamente o seu lixo, o que não foi possível.
— É comum ter que andar com o saquinho de pipoca, um papel sujo ou a embalagem do sorvete, por exemplo, nas mãos até chegar em casa. A gente não encontra uma lixeira, principalmente aqui nesse trecho. Quando nos deparamos com uma papeleira nova por aqui, logo depois ela já está quebrada ou nem existe mais. Fica bem difícil — lamenta.
Entre 2012 e dezembro de 2017 houve reposição e troca de 13.436 papeleiras, segundo a Comlurb. Em 2016, foi feita licitação para compra de 17.000 papeleiras, que já foram utilizadas na reposição de itens vandalizados. Ainda de acordo com a companhia, há estudos de uma nova licitação para a compra de novas papeleiras no ano que vem.
Entre 2012 e dezembro de 2017 houve reposição e troca de 13.436 papeleiras, segundo a Comlurb 

Foto: Agência O Globo


Nenhum comentário: