Moradora do Méier, Janinha Paim lamenta a falta das
lixeiras Foto: Agência O Globo
Uma em
cada cinco lixeiras do Rio de Janeiro foram retiradas das ruas, na maioria das
vezes por questões de vandalismo. Segundo números da Comlurb, a cidade tem hoje
64.419 pontos de instalação para as papeleiras, mas só 51.349 estão instaladas
à disposição da população. Da Zona Norte a Zona Sul, passando pelo Centro,
muitas estão quebradas e outras foram arrancadas dos postes, restando apenas
partes da estrutura.
A
servidora estadual aposentada Maria Cristina, de 68 anos, afirma que várias
vezes têm que levar o seu lixo para casa pois não encontra uma papeleira pelo
caminho, principalmente em bom estado de conservação. Moradora do Largo do
Machado, ela reconhece que a depredação das "laranjinhas" prejudicam
o exercício da cidadania. Além disso, Maria Cristina observa que não vê mais
tantos garis esvaziando as lixeiras.
— Por
várias vezes eu vejo o lixo transbordando ou então as papeleiras quebradas e
sem tampa, o que deixa a cidade feia. É uma pena que isso aconteça. Não custa
nada as pessoas respeitarem o patrimônio público e colocarem corretamente o
lixo. Antes os garis passavam e recolhiam os resíduos, hoje não vejo com tanta
frequência — revela.
"Cadê a lixeira que estava aqui?", questiona a aposentada
Maria Cristina, moradora do Largo do Machado
Foto: Agência O Globo
Apesar da
queixa da aposentada, a Comlurb garante que os garis têm sido orientados a
esvaziar mais vezes as papeleiras ao longo do dia, já que, segundo a companhia,
elas estão sendo mais utilizadas pela população, principalmente depois do
lançamento do programa Lixo Zero, em 2013, e das campanhas de conscientização
da Comlurb. Até outubro deste ano, 38.882 pessoas foram multadas por jogar lixo
no chão.
O
economista Luis Eduardo Maciel, de 56 anos, mora no bairro do Flamengo e
destaca que as poucas lixeiras da Rua São Salvador estão sempre quebradas, com
as tampas levantadas e desafixadas no poste. Segundo ele, a presença das
papeleiras está relacionada a uma questão de cidadania. Luis Eduardo afirma
ainda que a prefeitura deveria estudar um novo modelo de lixeira, com mais
espaço e maior durabilidade.
— A
conscientização sobre não jogar lixo nas ruas é uma questão difícil aqui no
Brasil, pouco valorizada, infelizmente. Sem a facilidade de se encontrar o
local adequado para o descarte de resíduos, fica ainda pior. Talvez fosse a
hora de se pensar em um conceito diferente, com espaços subterrâneos, talvez. É
preciso um investimento a longo prazo.
Comlurb garante que os garis têm sido orientados a esvaziar mais vezes
as papeleiras ao longo do dia
Foto: Agência O Globo
A Comlurb
explica que, em função da restrição orçamentária e após um estudo técnico da
instituição, foi planejado um remanejamento de papeleiras, adequando-as às
demandas específicas de cada localidade. Elas ficam geralmente concentradas em
locais com maior fluxo de pedestres. Nos bairros residenciais, a colocação
segue outro padrão, de acordo com o planejamento operacional adequado para cada
área.,
— Morei
durante 23 anos em outro condomínio no Flamengo e pedi a troca da lixeira que
ficava na porta do meu prédio, pelo menos, umas dez vezes — lembra Luis
Eduardo.
A Zona
Norte do Rio concentra cerca de 33% das lixeiras. No Méier, na Rua Dias da
Cruz, uma das mais movimentadas da região, é possível observar lixeiras
faltando partes ou então imundas e em mau estado de conservação. Na altura do
cruzamento com a Rua Adolfo Bergamini, a farmacêutica Janinha Paim, de 35 anos,
estava justamente em busca de um local para destinar corretamente o seu lixo, o
que não foi possível.
— É comum
ter que andar com o saquinho de pipoca, um papel sujo ou a embalagem do
sorvete, por exemplo, nas mãos até chegar em casa. A gente não encontra uma
lixeira, principalmente aqui nesse trecho. Quando nos deparamos com uma
papeleira nova por aqui, logo depois ela já está quebrada ou nem existe mais.
Fica bem difícil — lamenta.
Entre 2012
e dezembro de 2017 houve reposição e troca de 13.436 papeleiras, segundo a
Comlurb. Em 2016, foi feita licitação para compra de 17.000 papeleiras, que já
foram utilizadas na reposição de itens vandalizados. Ainda de acordo com a
companhia, há estudos de uma nova licitação para a compra de novas papeleiras
no ano que vem.
Foto: Agência O Globo
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