A gari Viviane Nascimento faz sucesso na web |
Enquanto limpa as ruas do Rio com desenvoltura, Viviane Nascimento se acostumou a ouvir não apenas as frequentes cantadas — que ela ignora solenemente ou rebate com firmeza. A carioca de 34 anos também é abordada por muitas pessoas que perguntam por que uma moça "tão bonita" trabalha como gari. Bobagem, preconceito, pensa Viviane, que tem a resposta na ponta da língua.
— Nunca tive vergonha do meu trabalho. As pessoas perguntam: mas você é tão bonita, por que trabalhar como gari? Mas o importante é trabalhar. Se tiver ir para casa de uniforme, não tenho vergonha. Me orgulho e gosto muito de ser gari — diz ela, com segurança.
Nascida em Campo Grande, na Zona Oeste, Viviane é formada como técnica em enfermagem, mas trabalha como gari há cinco anos. Ela tem feito sucesso nas redes sociais publicando fotos suas "toda trabalhada" na simpatia, com o famoso uniforme cor-de-abóbora da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio (Comlurb).
— As pessoas pensam que gari não tem estudo. Perguntam por que não vou estudar, trabalhar em escritório, com ar-condicionado. Respondo que sou formada em enfermagem, mas sou gari porque gosto — diz a servidora pública, que pretende estudar mais para crescer profissionalmente dentro da Comlurb.
Mãe de uma menina de 3 anos, a carioca conta que a própria filha tira fotos com o seu uniforme e diz que quer ser gari quando crescer.
Viviane prestou concurso para gari em 2009 porque seu sogro fez a inscrição e a incentivou. Três anos depois, ela foi chamada para trabalhar e abandonou uma vaga como vendedora de loja. Na semana seguinte, apareceu uma vaga para trabalhar com enfermagem, mas Viviane escolheu continuar na limpreza da cidade.
— Eu gosto mais de trabalhar na rua, com o público e conversar com as pessoas e moradores de rua. A família do meu marido é toda da Comlurb, inclusive meu marido que é gari em Bangu — conta orgulhosa a gari.
Há cinco anos na Comlurb, Viviane tem orgulho do que faz Há cinco anos na Comlurb, Viviane tem orgulho do que faz Foto: Reprodução Instagram |
A beleza de Viviane chama atenção nas ruas de Irajá, na Zona Norte, onde ela trabalha. Segundo a gari, as cantadas são frequentes.
— Recebo bastante cantada na rua, mas não esquento, não. Com o tempo a gente se acostuma. Alguns são meio abusadinhos, mas aí eu respondo de volta — disse, brincando.
Esta não é a primeira vez que uma gari chama a atenção pela beleza. Há vários exemplos na Comlurb. Em 2015, a gari Rita Mattos, então com 24 anos, angariou milhares de seguidores virtuais depois de começar a colocar fotos nas redes sociais com o uniforme de gari. Outra que integra o time de beldades da companhia, Graziela Merola, de 27 anos, garantiu em entrevista ao EXTRA, também em 2015:
— Tem muitas mulheres lindas na Comlurb. As pessoas costumam ligar as garis a pessoas que não não têm estudo e feias. Não tem nada a ver, a maioria das meninas com as quais trabalho estudam ou são formadas. Adoro recolher lixo. Adoro a liberdade das ruas. Me sinto muito bem ao varrer, ao ser elogiada pelo meu trabalho
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